Rio Grande do Sul

MANIFESTAÇÃO

Protesto de estudantes de escola de Porto Alegre denuncia assedios sofridos por alunas

Alunos do Julinho dizem que escola não age para conter o problema; direção diz ter tomado todas as medidas cabíveis

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Grupo de estudantes protestando no portão do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, antes de sair em caminhada por ruas dos arredores - Foto: Divulgação

Estudantes do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, conhecido como Julinho, de Porto Alegre, realizaram um protesto dentro da escola e ruas próximas, na manhã desta terça-feira (17), denunciando que alunas teriam sido assediadas por um estudante dentro da instituição. Com cartazes e palavras de ordem, o grupo critica a direção do Julinho, que não estaria dando a devida atenção a casos de assedio, e pede que seja aberta uma discussão ampla sobre o assedio na escola.

Nesta segunda-feira (16), quando o aluno acusado retornou à escola após alguns dias de afastamento, um grupo de estudantes ficou indignado ao vê-lo de volta ao ambiente escolar sem ter sofrido punições. Em meio à confusão, novos casos de assedio vieram à tona, quando a direção da escola acionou o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).

Estudantes criticam que escola não dá atenção aos assedios

A estudante Roberta Ribeiro critica a direção da escola, pontuando que este não teria sido o primeiro caso de assedio no Julinho. “Os alunos se revoltaram porque o menino desse segundo caso de assedio apareceu na escola andando livremente pelos corredores, tudo normalmente como se nada tivesse acontecido. O que leva a gente a voltar no primeiro caso, quando a escola somente removeu ele do grêmio estudantil e o transferiu de sala de aula”, conta.

Ela afirma que os estudantes ficaram “com o pé atrás sobre a situação” quando a diretora afirmou, em um primeiro momento, que ficou sabendo do atual caso de assedio pelo próprio menino e que chamou os pais para conversar. “No primeiro momento a escola chamou as meninas e o menino para conversar, mas não teve comunicação entre a escola e os pais”, afirma.

Roberta relata ainda que as quatro alunas que fizeram as denúncias estão sendo ofendidas por alguns funcionários da escola. Explica que o protesto é para que a escola “não cale ou não abafe o assunto, porque assedio é crime e tem que ser penalizado na forma correta”.

Escola afirma ter tomado todas as medidas cabíveis

A diretora do Julinho, Fernanda Schmidt Gaieski, afirma que a escola estava tomando todas as medidas cabíveis. "Fomos informadas na semana passada do ocorrido pelo próprio estudante acusado de assedio. Ele assumiu a situação. Conversamos também com as meninas envolvidas e chamamos os pais na escola para conversar, mas nós não podemos sair judicializando", salienta.

Segundo ela, o outro caso que veio à tona nesta segunda-feira não era de conhecimento da escola. "Não temos como tomar uma atitude se não temos conhecimento da situação."

A vice-diretora do turno da manhã do colégio, Paola Cavalcante Ribeiro, reforça que a direção procurou tomar todas as ações quando soube do fato, ocorrido na quarta-feira (11) da semana passada. “Ouvimos as alunas e o aluno, buscamos averiguar e fazer os encaminhamentos via setor educacional já que o aluno envolvido tem 15 anos”, explica.

No entendimento de Paola, esse tipo de situação deve ser trabalhada dentro da escola para educar os estudantes envolvidos. “Tanto o menino potencial agressor para que tenha dimensão do fato que cometeu, grave e que não deve ser repetido, quanto as meninas, para que busquem fazer a denúncia, mesmo sabendo o quanto é difícil para uma mulher falar em uma situação dessas”, pondera.

Direção entende que situação não justifica violência

A diretora salienta que que não dá para tolerar a violência. "As meninas têm todo o direito de protestar e isso, inclusive, é bom para levantarmos o debate, mas não podemos aceitar que chegue ao extremo da violência física. Nós vamos passar nas salas de aula para conversar com os alunos. Esta volta após a pandemia está sendo muito desafiadora, precisamos de muito diálogo", reforçou.

Fernanda também destacou que a direção encaminhou a situação para o Deca, onde será feita uma investigação a partir dos depoimentos dos envolvidos. Além disso, a escola pretende promover debates sobre a questão de gênero e está sendo pensada uma programação cultural para trabalhar temas como machismo e racismo.


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Edição: Katia Marko