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Crônica | Aonde quer que eu vá

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Ela, um pouco ansiosa no saguão do aeroporto, olhava insistentemente no painel de desembarque - Foto: Freepik
De longe, os dois se avistaram. Foi amor à primeira vista. Aquela química das redes se confirmou

Ele nunca a viu pessoalmente. Ela também não o viu. O namoro começou nas redes sociais. Foram quase dois anos trocando mensagens, confidências e nudes. Combinaram que iriam se encontrar no Dia dos Namorados.

Ela vinha de duas separações conturbadas. Ele nunca tinha namorado sério. Ela já tinha carreira consolidada. Ele, desempregado. Ela, tinha dois filhos formados. Ele ainda morava com o pai aposentado e falido. Mesmo assim, a vontade era maior que os desafios. A distância era também um grande empecilho. Ele morava no Sul do país. Ela, bem lá, no alto do Nordeste. Ela amava o calor e Freud. Ele, o frio e Cristiano Ronaldo.

Ficaram de se encontrar no meio do caminho. Rio ou Minas. Ele queria praia. Ela, montanha. Dois meses de mensagens pra lá e pra cá. Decidiram por São Paulo.

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Ela chegou primeiro em Congonhas. Uma mulher linda e decidida. O voo dele atrasou. Ela vestia uma roupa colorida de verão. Ele, uma roupa de frio e embotada. Ele chegou com um presente na mão e muito nervoso. Juntou o dinheiro a duras penas.

Ela, um pouco ansiosa no saguão do aeroporto, olhava insistentemente no painel de desembarque. Não via a hora de encontrar seu amor virtual.

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Enfim, ele chegou. De longe, os dois se avistaram. Foi amor à primeira vista. Aquela química das redes se confirmou. Foi o melhor Dia dos Namorados dela. Ele ficou maravilhado. Só que os dias passaram rápido demais. Aquele velho ditado: tudo que é bom dura muito pouco. A choradeira foi inevitável. Ele foi quem mais chorou na despedida.

Chegando ao aeroporto, no portão de embarque dela, ele, com muitas lágrimas nos olhos, sacou um violão e, no meio daquele povo todo, soltou todo seu talento e começou a cantar:

“Olhos fechados
Pra te encontrar
Não estou ao seu lado
Mas posso sonhar
Aonde quer que eu vá
Levo você no olhar
Aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá

Não sei bem certo
Se é só ilusão
Se é você já perto
Se é intuição
E aonde quer que eu vá
Levo você no olhar
Aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá”

Por um milagre daqueles de Santo Antônio, os aviões ficaram lado a lado na pista de embarque. Janela a janela. Haja coração!

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Larissa Costa