Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Sem medo de ser feliz: tomar as ruas e as redes para vencer o ódio

"Neste momento de enfrentamento ao fascismo, precisamos também enfrentar o medo e a confusão"

Porto Alegre |
A construção de comitês populares digitais e das Brigadas Digitais da CUT é parte de um importante esforço de ocupar as redes e enfrentar a desinformação - Foto: Guilherme Gandolfi

A disputa de ideias na sociedade é feita através da mobilização política. Por isso, a construção e organização dos comitês populares também passa pela construção de uma estratégia política de comunicação. Não podemos mais pensar na comunicação apenas numa perspectiva técnica, de divulgação e compartilhamento de conteúdo. Hoje, com as redes sociais e a cultura em rede, comunicação é mobilização e relacionamento. E os comitês populares como espaços políticos terão como desafio comunicar e mobilizar. 

Dessa forma, também não podemos dissociar mundo on-line de mundo offline. Nessa nova perspectiva, a relação e a construção dos comitês é híbrida e complementar. Tão importante quanto reunir e mobilizar 10, 20, 30 pessoas, é repercutir isso nas redes. Tão importante quanto estarmos bombados nas redes, é termos presença real nas ruas com uma mobilização capaz de combinar essas duas dimensões. 

Precisamos dos espaços de encontro. Porque ao mesmo tempo que a rede é influenciada pelos acontecimentos nas ruas, as ruas também influenciam os acontecimentos nas redes. Não existe mais uma separação mecânica. Isso possibilita outras formas de relacionamentos que os próprios movimentos populares precisam se habituar. É a conexão através de rede, de comunidades em diálogo entre si, independentes do que é pauta na mídia tradicional, com capacidade de influenciar e disputar hegemonia política, de colocar outra perspectiva e apresentar alternativas. A disputa nas redes, é parte do que Gramsci chamou de disputar a “direção política e moral” da sociedade.

Neste momento de enfrentamento ao fascismo, precisamos também enfrentar o medo e a confusão. Por isso, estar mobilizados nos comitês populares abrange uma dimensão subjetiva de superação do medo individual para a transformação disso em esperança coletiva. O medo paralisa. A desinformação confunde. Já a esperança, inspira e movimenta.

Estamos enfrentando muita mentira, ódio e violência. Precisamos dos comitês como espaços de esperança, de incentivo a criatividade e de construção cotidiana da transformação que queremos. Ao mesmo tempo, a construção de comitês populares digitais e das Brigadas Digitais da CUT é parte de um importante esforço de ocupar as redes e enfrentar a desinformação.

É tarefa mútua, de construção cotidiana, de comunicação, mobilização e relacionamento em todas as dimensões da vida. É aproveitar todas as oportunidades de mostrar que estamos aqui, tomando ruas, redes, becos e vielas para vencer a mentira, a violência, o medo e o ódio.

* Artigo vinculado no Boletim Nós e os Comitês Populares - Edição 2

** Carolina Lima é jornalista, pós-graduada em Cultural Digital e Redes Sociais e militante do Movimento Brasil Popular no RS.

*** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko