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Coluna | Sobre a vida, a polícia que não defende a paz e a morte do presidente da Fúria

Se um policial tivesse agido com prudência, a cabeça de Maurinho não teria sido atingida por um cavalo

Curitiba (PR) |
Como se a vida de um integrante de uma torcida organizada não valesse nada, o policial galopou rente ao corpo do presidente da Fúria caído - Divulgação

Quem sabe o que teria ocorrido se o meio-campista do Cascavel tivesse batido o quinto pênalti do jogo do dia 30/7 no outro canto do gol? Talvez Felipe não tivesse encostado a ponta dos dedos na bola e o tricolor estaria agora fadado a ficar dois anos sem disputar uma competição nacional.

Da mesma forma, no mesmo dia, se um policial tivesse agido com maior prudência, a cabeça de Mauro Machado Urbim, o Maurinho, presidente da Fúria Independente, não teria sido atingida pelas patas de um cavalo com cerca de 300 quilos. Ele estaria agora radiante com a vitória tricolor.

A vida é assim, por detalhes, alguns metros, às vezes, milésimos de segundos, somos levados a sensações de euforia ou desespero. No futebol tudo bem, alegria ou tristeza são “riscos” que corremos e é vida que segue. Agora, na segurança pública, não.

Quando o assunto é a vida das pessoas, cada detalhe precisa ser pensado. A forma como a cavalaria avançou para cima dos torcedores do Paraná foi irresponsável. Não havia tumulto. Como se a vida de um integrante de uma torcida organizada não valesse nada, o policial galopou rente ao corpo do presidente da Fúria caído.

A displicência da polícia tem ficado evidente a cada jogo. Foi assim quando negaram escolta à Fúria no clássico diante do Athletico no estadual, em janeiro. Foi assim quando deixaram um contingente mínimo na divisa entre as torcidas no Atletiba de fevereiro. Foi assim quando não evitaram o confronto entre as torcidas do Coritiba e do Palmeiras em junho.

Há tempos a Polícia Militar dá sinais de que não está a fim de cuidar da vida dos fãs de futebol. Depois que ocorrem as tragédias, soltam notas oficiais mentirosas tentando responsabilizar as vítimas pelo ocorrido, como se todo torcedor organizado fosse um contraventor.

Se a ideia da Polícia Militar do Paraná é convencer a sociedade para acabar com as torcidas organizadas ou instalar a torcida única, não sabemos. O que está posto é a falta de comprometimento e responsabilidade com a vida do torcedor.

Isso não está certo, é grave e já passou da hora de a sociedade se unir para colocar um ponto final. Pela vida do Maurinho, exigimos apuração das condutas irresponsáveis da Polícia Militar do Paraná nos eventos relacionados ao futebol.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini