O grupo Circo Andino apresenta a performance “Por que cantamos?” na Fundação Ecarta, em Porto Alegre, nesta quinta-feira (18), das 19h às 20h. Após a apresentação, as artistas Cristal Obelar e Killari Molina promovem um bate-papo sobre a criação. O show integra o projeto Ecarta Anfitriã, que recebe atividades culturais de diferentes segmentos.
Com poesia de Mário Benedetti, canções de Atahualpa Yupanqui e Teresa Parodi, entre outras inspirações, a performance dura cerca de 15 minutos. “A proposta é evocar a criança que habita cada um de nós. A partir deste olhar convidamos a enxergar a superficialidade e a velocidade com que o bombardeio de informações, os algoritmos e a vitrine das redes sociais nos consomem”, adianta a bailarina e atriz Killari Molina.
“Buscamos refrescar o olhar para o simples, para o que está diante dos nossos olhos o tempo inteiro e não percebemos para injetar uma força de luta e resgatar nosso canto de amor e liberdade”, completa a atriz Cristal Obelar.
Sediado em Pelotas, o Circo Andino integra o movimento Nación Pachamama.
Recentemente o espetáculo foi encenado no Uruguai e no Café Fon Fon, em Porto Alegre. Na próxima semana estará em Santa Catarina.
Por que cantamos? (poesia de Mário Benedetti)
*Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel
você perguntará por que cantamos
se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
você perguntará por que cantamos
se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
você perguntará por que cantamos
cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino
cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos
cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.
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Edição: Marcelo Ferreira