Rio Grande do Sul

FUTURO

Para onde vai o Rio Grande?

Estado decide em outubro se tudo fica como está ou se precisa mudar

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Está chegando o momento em que os gaúchos terão que dizer se tudo está ótimo ou que, ao contrário, a mudança não pode esperar mais - Arte sobre foto de Luciano Lanes/PMPA

Qual o rumo que o Rio Grande vai tomar? Vai permanecer trafegando à direita ou mudará sua rota? Esta é a pergunta que os eleitores responderão no próximo 2 de outubro. Na disputa estão 11 candidatos, distribuídos entre opções à esquerda e à direita do espectro político.

Seis deles estão no primeiro grupo e frequentam um espaço partidário que vai da centro-esquerda à esquerda. Os demais instalam-se entre uma direita liberal até a extrema-direita. Veja quem é quem nesta eleição e confira de que lado você quer ficar.

No rumo da esquerda

Os candidatos deste grupo situam-se, em linhas gerais, como favoráveis ao Estado como indutor do desenvolvimento econômico. O combate à desigualdade é prioridade. A sociedade deve oferecer oportunidades iguais para todos, o que envolve programas sociais fortes e inclusivos. Defendem pautas do interesse dos trabalhadores. Estão na linha de frente das pautas dos movimentos das mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTQIAP+. Ressaltam a proteção do meio ambiente e têm compromisso com a saúde e a educação públicas, universais e gratuitas.

Seus candidatos são os seguintes:

Edegar Pretto (PT) – Foi presidente da Assembleia Legislativa em 2017. Filho do deputado federal Adão Pretto, é uma proposta de renovação dos quadros do partido. Pela primeira vez, PT e PSOL estão aliados na disputa. As sondagens de opinião mostram que o eleitor ainda conhece pouco o seu nome, embora tenha sido, por três vezes, o deputado estadual mais votado da bancada do PT.  Sua tarefa é abrir caminho para o segundo turno, do qual a esquerda gaúcha ficou fora na eleição anterior, o que ocorreu pela primeira vez após 28 anos. Apoiado por puxadores de votos como Lula e Olívio Dutra, tem a seu favor uma federação com cinco partidos – além do PT, também PSOL, PCdoB, PV e REDE. O advogado Pedro Ruas, vereador do PSOL em Porto Alegre, é seu vice.

Vieira da Cunha (PDT) – Carlos Eduardo Vieira da Cunha, 62 anos, é um quadro histórico do PDT. Começou a militar no partido aos 19 anos. Brizolista, defende a escola em tempo integral. Ex-vereador, deputado estadual e federal, é procurador de Justiça. O PDT tentou uma aliança com o PSB que não vingou. Assim, apresenta uma chapa pura, onde sua vice é a vereadora de Passo Fundo, Regina Costa.

Vicente Bogo (PSB) – Vinculado inicialmente ao MDB, o ex-vice-governador Vicente Bogo deixou a legenda quando surgiu o PSDB, partido que depois trocou pelo PSB, pelo qual concorre em 2022. Mais próxima do centro ideológico, sua candidatura foi uma das últimas confirmadas, logo após o pré-candidato Beto Albuquerque desistir de concorrer. Ao contrário da disputa presidencial, o PSB manteve-se distante do PT, apesar da insistência das direções nacionais em favor da união. A professora Josi Paz, igualmente do PSB, é a escolha para vice.

Rejane de Oliveira (PSTU) – Ex-presidente do Centro dos Professores/RS (CPERS/Sindicato), a professora aposentada Rejane de Oliveira, 61 anos, é candidata pelo PSTU. É a primeira vez que se candidata fora do âmbito sindical. Sua parceira de chapa é a funcionária pública aposentada Vera Rosane de Oliveira. É a única chapa de mulheres, e mulheres negras.

Carlos Messalla (PCB) – Funcionário dos Correios, Carlos Messalla, 46 anos, concorre pelo Partido Comunista Brasileiro. Natural de Gravataí, foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e concorreu a vereador em Porto Alegre em 2020. Seu vice, também do PCB, é Edson Canabarro, servidor público aposentado.

Paulo Roberto (PCO) – Paulo Roberto Silveira Pedra Júnior, 39 anos, representa o Partido da Causa Operária na disputa pelo governo estadual. É sua primeira campanha para cargo eletivo. Tem como companheiro de chapa Mário César Zettermann Berlese Filho, também do PCO.

Na rota da direita

Com maior ou menor intensidade, os candidatos situados à direita defendem um Estado com menores recursos e mais ausente. Cabe ao mercado regular a economia. São favoráveis à privatização do patrimônio público. Os ricos pagam menos impostos. Defendem pautas de interesse dos empresários. Estão distantes das reivindicações das mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTQIAP+. Seus governos reduzem ou congelam salários, cortam gastos e, junto, os serviços prestados à população. Não há urgência em reduzir a desigualdade social. Os cofres públicos bancam a construção de estradas, mas elas são concedidas às empresas privadas que as administram e exploram pedágios.

Eduardo Leite (PSDB) – Após renunciar ao governo para tentar uma vaga na corrida pela presidência, Eduardo Leite, 36 anos, acabou retornando ao Rio Grande. Antes, ensaiou trocar o PSDB pelo PSD, mas, no último momento, recuou. Sua movimentação errática mais a quebra da promessa que nunca se candidataria à reeleição são fustigadas pelos adversários. É seu ponto fraco. Outro flanco é a dívida do estado com a União, cuja negociação é criticada à esquerda e à direita. Seu ponto forte é conseguir pagar os salários do funcionalismo em dia. Lidera todas as pesquisas, mas possui também a maior rejeição. Em 2018, votou em Bolsonaro. A princípio, disse não se arrepender da escolha, mas, depois, passou a dizer estar arrependido. Montou uma forte coligação que inclui MDB, PSD, Cidadania, Podemos e União Brasil. Gabriel Souza, deputado estadual do MDB, é seu vice.  

Onyx Lorenzoni (PL) – No quinto mandato como deputado federal, Lorenzoni, 67 anos, fez carreira no PFL, seguiu no DEM e hoje está no PL. No governo Bolsonaro, ocupou três ministérios: Casa Civil, Cidadania e Secretaria-geral da Presidência. Recebeu o apoio de três legendas: Republicanos, Patriota e PROS. É a primeira vez que se candidata ao governo gaúcho. Antes, tentou por duas vezes ser prefeito de Porto Alegre. Nas redes, tem usado o lema “Deus, Família, Pátria e Liberdade!” Aparece nas sondagens de opinião em segundo lugar. Apresenta-se como o candidato de Bolsonaro, condição também reivindicada por Luis Carlos Heinze (PP). Cláudia Jardim, atual vice-prefeita de Guaíba, é sua parceira de chapa.

Luis Carlos Heinze (PP) – Ex-prefeito, ex-deputado federal e hoje senador, Heinze ganhou visibilidade nacional durante a CPI da Covid onde pontificou defendendo a adoção de medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada contra o coronavírus. Em 2008, quando era deputado, propôs projeto para remover dos rótulos dos produtos alimentícios a informação de que são transgênicos. Candidato do agronegócio, chamou a atenção do país em 2013 ao afirmar que "quilombolas, índios, gays, lésbicas" são "tudo que não presta". Nesta eleição, recebe o respaldo do PTB e do PRTB. A vereadora de Porto Alegre, Tanise Sabino (PTB), é sua vice.

Ricardo Jobim (Novo) – O empresário e advogado Jobim, 46 anos, é de Santa Maria. Lá, presidiu a seção local da OAB e foi diretor da Câmara de Indústria e Comércio local. Antes do partido atual, militou no PSDB pelo qual foi candidato à vice-prefeito na sua cidade. O Novo é mais uma legenda que vai para a campanha com chapa pura. Seu vice é Rafael Dresch.

Roberto Argenta (PSC) – Ex-deputado federal, Argenta é dono da Calçados Beira Rio, uma das maiores empresas do segmento no estado, com 12 unidades e oito mil funcionários. Na sua trajetória partidária passou por MDB, PFL, DEM e PSL. A candidatura recebeu o apoio do Solidariedade e do Agir. Com um patrimônio declarado de R$ 372,9 milhões, Roberto Argenta (PSC) é o candidato mais rico do estado e o segundo do país entre os 223 candidatos aos governos estaduais. Sua vice é a professora universitária Nivea Rosa (Solidariedade).

Um estado ladeira abaixo

O Rio Grande vive um retrocesso que os números traduzem de forma implacável. Confira alguns:

Com Olívio na disputa, PT tenta um feito inédito

Na batalha pelo Senado, Olívio vai enfrentar os candidatos de Leite e Bolsonaro


Ex-governador é um dos postulantes à vaga no Senado pelo RS em 2022 / Foto: Arquivo

Com o ex-governador Olívio Dutra concorrendo ao Senado, o PT tenta um feito original. Caso Olívio vença – lidera as pesquisas no momento – será a primeira vez na história que o partido terá dois senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul. Hoje, estão no Senado Paulo Paim (PT), Luis Carlos Heinze (PP) e Lasier Martins (Podemos), que vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.  

Os competidores mais cotados nas sondagens até o momento, além de Olívio, são a ex-senadora Ana Amélia Lemos, que trocou o PP pelo PSD que integra a coligação de Eduardo Leite, e o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, que representa o Republicanos.

Os demais pretendentes são Airto Ferronato (PSB), Comandante Nádia (PP), Fabiana Sanguiné (PSTU), Maristela Zanotto (PSC), Paulo Rosa (DC), Professor Nado (Avante).


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Edição: Katia Marko