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Crônica | Com que roupa eu vou?!?

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Não acredito!! De boné? Com esse tênis? E essa calça aí?

Dia desses, fui convidado para ir a uma festa de grã-finos. Minha amiga é muito rica, elegante e também sincera. Fiquei um pouco ressabiado com o convite, mas aceitei.

Era num desses lugares cheios de pompas e glamour. Fica muito longe das quebradas. Com uma porta de vidro imensa e cheio de seguranças.

Eu cheguei primeiro que ela no lugar. Fiz igual o Ariano Suassuna em festa de gente rica: peguei na bandeja do garçom vários salgadinhos de uma vez. Enchi a mão sem dó. Estavam gostosos demais. Eu não sei falar os nomes dos salgadinhos. Um deles parecia coxinha de camarão. Sei que tem um nome chique. Não estava nem aí pra isso.

De repente, minha amiga chega e já vai falando:

- Não acredito!! De boné? Com esse tênis? E essa calça aí? Pode voltar pra casa e trocar de roupa.

-Não vou. De jeito nenhum. Vou ficar assim mesmo.

-Olha o povo aqui. Todo mundo chique demais. Trago você num lugar bacana e não valoriza?

-Relaxa. Curte a festa também.

Nisso o garçom passa de novo. Novamente encho a mão de salgados. Mais uma vez tomo um “pito” dela:

-Você não tem jeito, né? E solta um sorriso. Canto pra ela:

-Festa estranha com gente esquisita.

Bate nas minhas costas outro amigo. Ele é de uma família tradicional e muita rica da cidade.  Ele de boné de posto de gasolina e uma bolsa que me lembrou a sacola que minha Vó me dava na adolescência para ir comprar pão na padaria.

Eu disse pra ela:

-Não vai mandar ele ir embora também?

Ela ficou caladinha. Não disse uma palavra. Foi dançar perto do DJ. Eu mais uma vez, enchi a mão daqueles salgados saborosíssimos.

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida