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Crônica | Segredos de liquidificador

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Por quem ela sofre tanto por amor?

Peguei minha amiga numa fossa danada. Os olhos estavam marejados. Já havia uns dez dias que não saía do quarto. Sofrer por amor é uma dádiva de Deus, será?

O mais louco dessa história ou mais inusitado era que “oficialmente” estava solteira um tempão. Então como podia estar sofrendo por amor? Ficava essa incógnita no ar. No bairro, no trabalho, na balada, no boteco, no ônibus...ninguém a viu com ninguém. 

Tinha uma vitrola antiga no quarto, com velhos “bolachões” de músicas e de cantores das antigas. Até Jane e Herondy estava rolando. Aquela famosa música tocava toda hora: 

“Não se vá
Eu já não posso suportar
Esta minha vida de amargura
Não se vá
Estou partindo porque sei
Que você já não mais me ama”

Mas o mistério continuava entre os amigos, a família e afins. Por quem ela sofre tanto por amor? Quem será essa pessoa? 

Passado algum tempo da sofrência e da penúria por aquele amor desconhecido de todos, a curiosidade ainda rondava todos por ali. A pressão foi grande demais. Mas até hoje ninguém sabe por quem ela sofreu de amor por tanto tempo. A única resposta que ela dá pra gente é colocar a música do Cazuza:

“Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor, nunca
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador”

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida