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Dois capitães obsessivos: Ahab e Bolsonaro

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Foto direita: Reprodução - Foto esquerda: Evaristo Sá - AFP
A obsessão de Bolsonaro pelo poder é psicótica: vencer as eleições a qualquer custo. Se perder no vo

O primeiro capitão Ahab é personagem do romance Moby Dick, de Herman Melville, EUA, (1851). Em uma de suas aventuras marítimas, teve sua perna decepada por uma grande baleia branca à qual deu o nome de Moby Dick. Com ideia fixa, passou o restante de sua vida preparando um grande navio a velas para viajar e matar a baleia. Para tal, contratou um numeroso grupo de marinheiros aos quais prometeu recompensa pela captura e extermínio do Moby Dick.

Quando o navio Pequod encontrava-se em alto mar e os perigos iam aumentando, alguns tripulantes manifestaram o desejo de desistir, entrando em conflito uns com os outros. A todos o capitão Ahab castigava com detenção no porão do navio. O marinheiro Ismael quis discordar de Ahab, mas ele o agrediu com bofetadas. Ao invés de revidar, Ismael usou a inteligência e a paciência para prosseguir a jornada.

Nas discussões nos subgrupos de marinheiros não faltavam problemas existenciais. Pressionado por um dos marinheiros mais considerados por Ahab para desistir daquela perigosa jornada, ele disse: “uns morem na maré baixa e outros na maré alta: que diferença faz?”. No começo e no meio da jornada o medo era de perder a vida contrastando com o sonho de recompensa oferecida por Ahab pela morte do Moby Dick. Do meio para o fim prevalecem o desespero e a luta pela sobrevivência.

Em êxtase alucinada, o capitão Ahab encontra a terrível baleia e atira-lhe a lança. O Moby Dick leva o capitão segurando a corda da lança para o fundo do mar. Os botes com os marinheiros em luta naufragam. O navio Pequod foi atingido pela baleia e se partiu ao meio. Ismael encontrou um caixão boiando e se agarrou a ele até ser salvo por outra embarcação. Salvo, ele se ocupou em contar a história da desventurosa viagem.

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O tema fundamental do Moby Dick é mostrar que as obsessões sempre conduzem pessoas a um estado de insanidade mental. Com os obsessivos, quase sempre, estão a esquisitice e o desejo de vitória a qualquer preço.  Além da obsessão por vingança, existem outras igualmente perigosas, como a obsessão por dinheiro; por status, fama e o fanatismo que é um estado psicológico obsessivo por clubes esportivos, partidos políticos e religiões.

O segundo capitão é o presidente da República do Brasil. A obsessão de Bolsonaro pelo poder é psicótica: vencer as eleições a qualquer custo. Se perder no voto quer ganhar na bala.

O prenúncio deste propósito são os assassinatos de partidários do PT, Marcelo Arruda, no Paraná e Benedito Cardoso, no Mato Grosso; crescimento das milícias no Rio de Janeiro; violência policial contra negros, brancos pobres, indígenas e obsessivo discurso contra o sistema eletrônico eleitoral. De triste lembrança é a política sanitária de Bolsonaro durante a epidemia do covid-19 que, por sua teimosia, redundou em mais de 685 mil mortes de brasileiros.

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Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS.

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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Edição: Elis Almeida