Minas Gerais

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Até o fim do mês, Embaúba Filmes realiza mostra gratuita com filmes sobre política e cotidiano

Sete filmes inéditos, disponíveis na plataforma de streaming, ajudam a pensar o contexto do segundo turno das eleições

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Dellani Lima - Quem tem medo?

Até o dia 30 de outubro, a distribuidora especializada em cinema brasileiro Embaúba Filmes realiza gratuitamente a mostra Embaúba Cinema e Política. Sete filmes inéditos estão disponíveis na plataforma de streaming Embaúba Play.  

A mostra, que acompanha a data até o segundo turno das eleições presidenciais, aborda questões sociais e reflete sobre os sentidos do “fazer política” para além dos gabinetes e das portas fechadas. Os filmes apresentam questões urgentes da sociedade brasileira, como educação, saúde, emprego, segurança, economia e democracia.

Confira os filmes disponíveis:

Estamos te esperando em casa (Cecília da Fonte e Marcelo Pedroso, 2021)

É o mais próximo de uma vivência coletiva recente ao documentar o cotidiano de Poliana, terapeuta ocupacional num hospital do Recife que, no ápice de internações ocasionadas pela covid-19, faz o que pode para conectar pessoas isoladas em UTIs a seus entes queridos por meio de videochamadas de celular. Entre o dia a dia mais ordinário da profissional e seu corre-corre pelos corredores e quartos de hospital, o média-metragem coloca o espectador por dentro da angústia de uma sequência de acontecimentos cuja responsabilização oficial ainda está por ser definida, ainda que todos saibamos de que instância vem.

Lutar, Lutar, Lutar (Sérgio Borges e Helvécio Marins Jr, 2021)

Reinaldo, craque do Atlético-MG nos anos 1970, desafia a ditadura militar ao erguer o punho direito ao empatar o jogo contra a Suécia na Copa do Mundo de 1978. A imagem, até hoje considerada um ícone da resistência aos desmandos antidemocráticos do regime militar brasileiro, está no filme. Resgatar a consciência de um profissional que se preocupava com os rumos de violência de um governo autoritário décadas atrás é duplamente um gesto político – do filme e da importância de Reinaldo.

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Brizolão (Jéferson, 2021)

Resgata a história e o impacto dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), implantados no Rio de Janeiro durante os governos de Leonel Brizola (1983-1987 / 1991-1994), tendo projeto educacional desenvolvido pelo sociólogo Darcy Ribeiro e arquitetura das escolas a cargo de Oscar Niemeyer. Entre depoimentos de ex-professoras dos CIEPs, historiadores e políticos analisando a importância da iniciativa, o longa-metragem também resgata imagens de arquivo (incluindo várias entrevistas de Brizola) que permitem um olhar amplo sobre o processo, de sua ascensão ao sucateamento posterior e o resgate em anos recentes, ainda que sem a mesma atenção do Estado. “O político tem que olhar para o futuro, para as novas gerações”, declama Brizola.

Quem Tem Medo? (Ricardo Alves Jr, Henrique Zanoni e Dellani Lima, 2022)

É um documentário que registra os inúmeros casos de censura a artistas brasileiros em anos recentes, período no qual a extrema direita ampliou espaço político e social e, com isso, foi para cima de manifestações culturais que considerassem passíveis de proibição. Casos de grande repercussão envolvendo nomes como Renata Carvalho, Wagner Schwartz, Maikon K, José Neto Barbosa e as peças “Caranguejo Overdrive” (Aquela Cia de Teatro) e “RES PUBLICA 2023” (A Motosserra Perfumada) são abordados.

Entre Nós Talvez Estejam Multidões (Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito)

Tem a campanha eleitoral de 2018 como pano de fundo do cotidiano dos moradores da Ocupação Eliana Silva, na região de Belo Horizonte, marcada por um dia a dia de tensões e possibilidades de confronto com forças oficiais. A ascensão da extrema direita ao governo é o fantasma a aumentar os assombros do local, captado pela câmera em suas complexidades humanas, nas esperanças do futuro e na resistência aos constantes obstáculos impostos pelas injustiças vindas principalmente do Estado.

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Pão e Gente (Renan Rovida, 2021)

Se baseia no dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1848-1956) para tratar da fome e do desemprego no Brasil e mescla encenação e improvisação de um grupo de atores às margens de uma sociedade cada vez mais desigual.

Os Grandes Vulcões (Fernando Kinas e Thiago B. Mendonça, 2022)

Tem a atriz Fernanda Azevedo, do grupo Coletivo Comum, recriando um monólogo a partir de texto de outro dramaturgo, o inglês Harold Pinter (1930-2008). Entre idas e vindas no teatro documentário de alta voltagem e imagens de arquivo de filmes ou registros históricos, Fernanda literalmente desenha a ingerência dos EUA na geopolítica mundial ao longo do século 20.

Edição: Larissa Costa