Minas Gerais

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Crônica | Feliz por estar vivo

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Crédito - Arquivo PBH
O papo sério foi encerrado por um bêbedo que entrou no boteco

Lá pelas tantas da noite, encontrei-o sorridente no fundo de um boteco “copo-sujo”. Sua alegria era visível. O que aquele homem riquíssimo fazia num boteco da quebrada?

Estava em pé no balcão com um copo de cerveja, torresmo de barriga, pé de galinha, sardinha frita e cercado por seus amigos de infância. Era visível sua diferença na fala, na roupa, na sua pele bem tratada. Sua alegria contagiava. Já havia muitas garrafas de cervejas vazias ao lado daquela rodinha de amigos.

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Os amigos contavam histórias e estórias das antigas. Das namoradas. Da escola. Da pelada da rua de cima. Da dona China que furavam as bolas que caiam no seu quintal. Da barraquinha que tinha música ao vivo. As risadas eram fartas e altas. Ele falava pouco e escutava mais que os outros.

A irmandade entre eles empolgava todos que os viam naquele boteco “copo-sujo”. De repente, um minuto de silêncio. Parece que o bate-papo ficou sério. A música parou. Os copos de cerveja ficaram no balcão surrado por um longo tempo. Todos segurando as mãos de cada um.  Agora era a vez dele falar:

- Meus amigos eternos. Feliz por estar vivo. Muito feliz. Muito mesmo. Peço desculpa por meu afastamento das minhas origens. A vida nos ensina. Sempre achei que o dinheiro fosse tudo na vida.  Achei que o dinheiro fosse capaz de comprar até amor verdadeiro. Comprar amizades. E a vida me ensinou e provou que não. Hoje sou um outro homem e pessoa. Vocês foram os únicos que não me abandonaram no momento mais difícil da minha vida.

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O papo sério foi encerrado por um bêbedo que entrou no boteco e gritou:

- Coloca uma da boa aí, papai!

Todos riram novamente.

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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Edição: Elis Almeida