Pernambuco

TRANSIÇÃO

Pela primeira vez em 16 anos, Pernambuco terá transição do governo com mudança de partido

A governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) anunciou equipe de transição que não tem políticos com mandato; saiba nomes

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A transição é parte importante do processo democrático e, com a mudança no campo político, representa uma virada importante na política pernambucana. - Raul Buarque/SEI

Em Pernambuco, o governo de transição já começa a se formar. É a primeira vez em 16 anos que há uma transição com mudança de partido no estado, passando do governo de Paulo Câmara (PSB) para o de Raquel Lyra (PSDB). Isto representa uma virada importante na política pernambucana. Assista:

O advogado e cientista político Manoel Moraes destaca que a transição é parte importante do processo democrático. “Quem está terminando a gestão deve apresentar para quem está começando uma nova gestão, as informações mais sensíveis acerca de recursos, de projetos que não deram certo ou que não foram exitosos, para que o próximo governo não venha a ser pego de surpresa", explica.

A governadora eleita anunciou nesta quarta (09) sua equipe de transição, composta por "outsiders" da política, pessoas que nunca ocuparam cargos ou tiveram mandato, com exceção da vice-governadora eleita Priscila Krause, que coordenará a equipe. Compõem o grupo: Túlio Vilaça, advogado; Eduardo Vieira, administrador; Carolina Cabral, publicitária; Fernando de Holanda, publicitário; Manoel Medeiros Neto, economista e jornalista; Ana Maraiza de Sousa, advogada; Bárbara Florêncio, advogada e Nayllê Rodrigues, advogada e administradora. Já o governo Paulo Câmara divulgou sua comissão de transição, que será coordenada pelo secretário da Casa Civil, José Neto.

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Ele explica que a transição acontece mesmo dentro um mesmo grupo político, ou de grupos diferentes, como é o caso de Pernambuco. "O objetivo de uma transição dessas, dentro de um campo democrático, é de que o poder vem do povo, vem da sociedade. Independente se ela é de continuidade ou é de uma outra gestão, de um outro grupo político, essa legislação veio para garantir que esta transição se dê de forma republicana e, portanto, quem chegar no governo tenha os dados mais objetivamente claros possíveis”, destaca Moraes. 

Durante a transição, a futura governadora deve dar destaque a algumas pautas que foram trazidas como prioritárias ao longo da sua campanha. “Me parece que ela tem uma grande ênfase na questão da criança, com a abertura de creches, ela tem essa questão da proteção da infância como um projeto importante para o mandato dela. Tem também a segurança pública, a saúde e tudo isso vai ter que ser equacionado com agora o mundo real, que é o mundo do orçamento, o que ela tem disponível e o que ela vai conseguir de apoio com Lula. Porque ela certamente vai precisar do apoio do Governo Federal”, analisa o cientista político.

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A federação que Raquel faz parte é formada pelo PSDB e Cidadania e elegeu apenas três deputados estaduais, todos pelo PSDB. Ao longo do segundo turno, a futura governadora teve o apoio de outros 21 deputados estaduais eleitos este ano. Portanto, a base aliada conta com quase metade dos 49 parlamentares da casa. 

O cientista político e pesquisador Pedro Alcântara destaca que, para garantir uma melhor governabilidade, Raquel pode se aproximar de forças políticas que estiveram na oposição durante as eleições.

“Eu acho que, assim, certamente ela vai conseguir uma base maior na Alepe, porque alguns partidos ainda vão negociar um espaço no governo. Se ela quiser uma base mais ampla, que dê a ela um certo conforto, eu vejo dois partidos estratégicos para ela dialogar, que são partidos que estão fora daquele campo da direita que a sustentou na eleição. São o PSB, que fez 14 deputados, é uma bancada enorme, e a federação do PT; PV, PCdoB e Partido Verde, que somados tem 7" aponta Pedro.

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Ele também ressalta a importância da articulação com os senadores. Em Pernambuco, dois dos três senadores do estado são do PT. "A gente sabe que o senado é um espaço importante para o governador junto aos senadores do estado para conseguir investimentos. Que a própria Raquel tem dito que uma das prioridades dela é conseguir mais investimentos para Pernambuco. Então, o PT vai ter essa importância, somada ao fato de que o PT é o partido do Presidente da República”, aponta. 

O futuro da política pernambucana ainda desperta muitas dúvidas até para os especialistas, mas o analista espera um governo mais à direita. “O governo de Raquel Lyra até então é essa incógnita, a gente tem algumas pistas do que poderá ser. Na minha opinião, será um governo de centro, que terá uma política social de moderada a consistente, e que vai, por outro lado, vai ter sim características de centro, que dialoga menos e que tem uma relação menos fluida com os movimentos sociais”, acredita Pedro Alcântara.

Edição: Vanessa Gonzaga