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Crônica | Teorema

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Marcelo Camargo - Agência Brasil
Fez mais um empréstimo contrariada

Ela colocou o cartão do seu banco no caixa eletrônico para saber o saldo e sacar algum dinheiro para a compra do mês. Na tela do terminal do caixa, veio escrito: “Saldo insuficiente”.

O desespero bateu naquela senhora de quase oitenta anos, com dificuldades para caminhar e sem nenhum parente vivo. O que tinha para viver era só sua aposentadoria e seu gato Setembrino. Ficou logo preocupada com a compra dos remédios do coração, da diabetes e da pressão.

De repente, apareceu um atendente do banco com aquela camisa: “posso ajudar?”. Ela, desesperada, pediu logo uma ajuda.

- Vamos verificar sua conta. Pode ter ocorrido algum erro.

O moço, muito educado e com um sorriso plastificado no rosto, pediu para tirar o extrato da conta para verificar o valor e o que tinha ocorrido. Logo ele entendeu o caso dela. Dois empréstimos consignados tinham “comido boa parte da sua aposentadoria”, e o saldo era muito baixo para sacar o valor que ela queria.

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- Qual a solução, moço? Preciso de dinheiro para pagar as despesas do mês - disse a senhora para o atendente.

Ele respondeu:

- Olha, minha senhora, ainda há margem na sua conta para mais um empréstimo consignado com juros baixos. A senhora pode dividir em 12 meses.

- Mais um empréstimo? Daqui a pouco, meu dinheiro ficará todo no banco.

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Nisso, a pressão dela subiu, e o coração bateu muito acelerado. Ela pensou nos remédios, na sua alimentação balanceada e fez mais um empréstimo, muito contrariada com a situação.

Numa banca de jornal, ao lado do banco, uma manchete em letras garrafais:

Bancos têm lucros exorbitantes de bilhões e bate recorde mais uma vez.

Rubinho Giaquinto é covereador pela ColetivA em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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Edição: Elis Almeida