Minas Gerais

RESISTÊNCIA

Artigo | As pequenas vitórias na Copa do Catar

Mesmo em cenários tão desérticos, é preciso ter esperança

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Crédito - Getty Imagens

O dia 20 de novembro marcou o início da Copa do Mundo. Em sua 22ª edição, a sede das disputas é o Catar, país que fica no Oriente Médio. A escolha da Federação Internacional de Associações do Futebol (Fifa) envolveu uma série de polêmicas. O processo se iniciou em 2009 e já houve notícias em jornais internacionais que levantaram o pagamento de propina como um dos motivos.

Outro aspecto apresentado como um problema foi a temperatura local, que chega a mais de 50 graus. O local da sede da Copa também estampou notícias na Europa, em virtude do número de morte de trabalhadores nas grandes obras de infraestrutura e de construção dos estádios. No período de 2010 a 2020, foram registrados 5927 óbitos, a maioria de imigrantes. As principais causas apontadas foram o calor extremo e acidentes de trabalho.

O país também é conhecido por suas regras que violam direitos humanos. As mulheres são submetidas ao sistema de tutela masculina, no qual precisam pedir autorização de seu tutor (irmão, pai, marido) para viajar, casar, trabalhar ou estudar no exterior. O Catar também não possui legislação de proteção à violência doméstica e sexual. Ser LGBTI+ no Catar é considerado ilegal.

Há resistência

Contudo, mesmo nesse cenário, é preciso reconhecer as pequenas vitórias. Na estreia dos times, houve manifestações e resistência. A proibição da Fifa sobre o uso de jogadores com braçadeiras usadas pelos capitães de times da Europa com a frase One love, campanha feita em 2020 no futebol holandês, gerou uma série de protestos.

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Por exemplo, jogadores da seleção inglesa se ajoelharam antes do início da partida contra os Estados Unidos, no último dia 25. O capitão inglês, jogador do Tottenham, utilizou na mesma partida, a braçadeira com os dizeres no discrimination, traduzido como “não à discriminação”. Já o time Alemão, posou para a foto oficial do jogo de estreia com as mãos tampando a boca.

A luta das mulheres iranianas ganhou destaque com a manifestação de sua seleção, que não cantou o hino nacional, protesto em virtude da morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, ocorrida em 16 de setembro deste ano, pela polícia da moralidade do país.

Vitória para o Brasil

As narrações dos jogos aqui no Brasil ganharam uma voz feminina. Pela primeira vez na história, Renata Silveira foi a responsável por narrar o gol da Alemanha, na derrota por 2 a 1 para o Japão. Outras mulheres ocupam o time de comentaristas e repórteres nesta edição da Copa, como Ana Thais, Renata Mendonça e a ex-jogadora da seleção brasileira Formiga.

Outra pequena vitória é a participação LGBTI+ no time de comentaristas. Richarlyson, que declarou ser bissexual, é um dos poucos atletas brasileiros que se posicionam na luta contra a lgbtfobia nos esportes, em especial no futebol. Ele foi o primeiro, da primeira divisão nacional, que se declarou sobre o tema. 

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Mesmo em cenários tão desérticos como o do Catar, é preciso ter esperança, como afirmou Nelson Mandela. “O esporte tem o poder de transformar o mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir as pessoas de um jeito que poucas coisas conseguem”, disse ele'. Vamos em frente.

Edição: Larissa Costa