Minas Gerais

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Primeira vacina totalmente nacional, SpiN-Tec é promissora no combate às variantes da covid-19

Imunizante desenvolvido pela UFMG entrou em última fase de testes. Previsão é que aplicação em massa ocorra em 2024

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

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Crédito - Foca Lisboa

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou, no último dia 25, a fase de testes em humanos da primeira vacina totalmente nacional, a SpiN-Tec. Ao contrário de outros imunizantes contra a covid-19, a vacina foi completamente desenvolvida no país, desde a pesquisa até o insumo farmacêutico ativo (IFA).

Outro diferencial da SpiN-Tec é a sua concepção, que é baseada em uma proteína do vírus que não muda de uma variante, ou subvariante, para outra. O que torna o imunizante mais promissor no combate ao coronavírus.

“A tendência é que, mesmo quando surjam novas variantes, a SpiN-Tec seguirá induzindo uma forte proteção, porque, além de potencializar a resposta imune-celular, ela também potencializa anticorpos neutralizantes”, explica a doutora Ana Paula Fernandes, uma das gestoras do Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas), da UFMG, entidade responsável pela pesquisa.

Legado promissor

As pesquisas na UFMG para o desenvolvimento de um imunizante nacional contra a covid-19 começaram em março de 2020. Ao todo, 30 pesquisadores do CTVacinas estiveram diretamente envolvidos com o projeto, que também contou com o apoio de diversas instituições parceiras, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

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Na avaliação da pesquisadora Natália Salazar, além dos benefícios do imunizante, o legado construído ao longo desse período vai potencializar importantes projetos de combate a outras doenças, como dengue e chikungunya, que já estão em desenvolvimento no centro.

“O melhor de tudo é a bagagem de aprendizado que adquirimos e vamos aplicar para outros projetos, para termos resultados tão positivos como esse”, celebra a cientista.

Aplicação em massa

A fase inicial de teste em humanos deve envolver cerca de 400 voluntários. Posteriormente, será realizado um estudo amplo com 5 mil indivíduos de todo o país. A expectativa é que os testes clínicos sejam finalizados até 2024, quando o imunizante deverá ser disponibilizado para a aplicação em massa.

João Victor Rodrigues foi a primeira pessoa a receber a SpiN-Tec. O voluntário classifica sua atitude como uma iniciativa cidadã e celebra o avanço e conquistas da ciência brasileira, mesmo diante das adversidades enfrentadas no país, como a desvalorização dos profissionais e as fake news sobre as vacinas.

“A gente tem que entender que a ciência também é feita pelo povo e isso ajuda a desmistificar uma série de mentiras sobre o setor", afirma.

Valorização da ciência brasileira

O financiamento da pesquisa sobre a SpiN-Tec veio de entidades dos governos federal e estadual, por meio de repasses da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e da Prefeitura de Belo Horizonte. Além disso, o desenvolvimento do projeto contou com recursos das fundações de amparo à pesquisa de Minas Gerais e de São Paulo, a Fapemig e a Fapesp.

Para a pesquisadora Ana Paula Fernandes, o projeto só foi possível porque, mesmo em um cenário de retrocessos no setor, diferentes entidades entenderam a importância da ciência para o avanço da saúde e somaram esforços ao projeto.

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“Quando se investe em ciência e garante condições para que um grupo de pesquisadores se mantenha focado em um projeto, o resultado é sempre positivo” declara. 

Centro Nacional de Vacinas

Por meio de uma parceria firmada pela UFMG com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o CTVacinas será transformado em um centro nacional de vacinas, com recursos que totalizam R$ 80 milhões.

A ideia é que o local seja um hub para o desenvolvimento de projetos de inovação nas áreas de imunizantes, incluindo novas plataformas vacinais, de kits diagnósticos e de fármacos, com foco na transferência tecnológica para empresas e instituições que atuem no mercado de saúde.

Pesquisadores que trabalham com o desenvolvimento de imunizantes em todo o território nacional poderão utilizar a estrutura.

Edição: Larissa Costa