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Verão

Verão exige cuidados específicos com peles de todas as cores

Dermatologista alerta que pessoas de pele preta, assim como as pessoas de pele branca, precisam ter cuidados redobrados

Salvador |
Verão exige cuidados específicos com peles de todas as cores - Fernando Frazão/Agência Brasil

O verão está aí a todo vapor, ou melhor, a todo calor e já deu provas mais do que suficientes de que a estação mais quente do ano pede cuidados a mais com a pele. No agito da cidade, no litoral, na praia ou no campo, todo mundo quer o seu minuto de curtição ao sol. O clima é convidativo aos encontros e a muitas atividades ao ar livre. Quase tudo combina com a estação, só o que não vale é sair de casa sem se proteger. Isso vale, inclusive, para os trabalhadores e trabalhadoras que precisam ficar expostos ao sol.

O aumento da exposição solar, aumenta também o risco de queimaduras, lesões e câncer de pele já que nesta época a radiação é muito mais intensa. Por isso mesmo, não dá para deixar a proteção de lado. A dermatologista Mariane Sotero nos alerta para esses cuidados. "O primeiro passo para uma pele bem cuidada, o passo principal e mais básico é a ingesta de água. Então, é recomendado a ingestão de 2 litros de água por dia para manter uma pele mais firme e mais brilhante. Hidratantes também são bem-vindos para reposição de nutrientes que são perdidos, especialmente, no calor", declara ela, dando a dica número um. Aquela que não pode ser esquecida no dia a dia.

As altas temperaturas favorecem também a maior perda de água pela pele, o que acentua a desidratação. Então, nos agitos do verão, outro item indispensável de levar para todos os lugares é o protetor solar. Além de proteger a pele dos raios solares UVA e UVB causadores de danos diretos na pele, como o ressecamento, as fissuras, manchas, rugas e linhas de expressão, o protetor é indispensável no combate ao envelhecimento precoce e na prevenção ao câncer de pele.

"Vale destacar que cada pele, cada fototipo vai ter um protetor solar específico, e para isso é importante uma consulta com um dermatologista para saber qual o protetor solar indicado", declara Mariane. Ela acrescenta ainda como proteção extra o uso de antioxidantes, como a vitamina C, que potencializa o efeito do filtro solar fazendo com que as radiações afetem a pele com menos potência. "O protetor solar deve ser usado meia hora antes da exposição solar e deve ser reaplicado a cada 2 horas. A quantidade correta de produto e a reaplicação são essenciais para efeito máximo do produto", explica a dermatologista que recomenda também usar chapéu e roupas com proteção UV, além de hidratação de cabelos de 2 a 3 vezes por semana.

Pretos e Brancos

Quando se fala em cuidado com a pele, ainda há o mito de que as pessoas de pele mais escura não precisam dos mesmos cuidados que as pessoas de pele mais clara. A doutora Mariane, que é médica negra e de pele retinta, enumera de onde nasce essa confusão e reforça a importância de atenção e de cuidado para todos os tipos de pele.

"A cor da pele está relacionada com a melanina, uma proteína responsável pela pigmentação da pele e que está dividida em dois tipos. A "eumelanina" e "feomelanina". A primeira, é mais eficiente em combater as radiações ultravioletas, enquanto a feomelanina é um pouco menos eficiente. Encontra-se mais eumelanina em pessoas de pele preta – de fototipos mais altos – e mais feomelanina em pessoas brancas – de fototipos mais baixos", explica a médica.

"Essa é a explicação para o fato de pessoas de fototipos mais baixos terem o risco aumentado para o desenvolvimento de câncer de pele. Isso, no entanto, não exclui a necessidade de cuidado e nem de fotoproteção de toda a população, independente da cor", reforça. Os danos causados pelos raios ultravioletas no DNA celular não têm preferência por paleta de cor. Toda pele merece cuidado. "São cuidados diferenciados, específicos, mas igualmente importantes e sem distinções", reafirma Mariane.


Dermatologista Mariane Sotero alerta para os cuidados no verão / Arquivo pessoal

Crianças e Idosos: alertas a mais

Peles novas ou mesmo peles com muitos anos de vida carecem de cuidados e de atenções especiais. Com o passar do tempo, as peles mais experientes, mais amadurecidas, sofrem algumas alterações; ao mesmo tempo que as mais novinhas, a pele da primeira infância, também. Mariane Sotero, dermatologista com atuação clínica e estética, nos conta que, nas pessoas de mais idade, há perda de algumas estruturas da pele, aumento da flacidez e maior aparecimento de rugas.

"O afinamento das camadas da pele, da derme e da epiderme, faz com que essa pele fique mais ressecada e mais fina. Há também uma perda dos melanócitos que são fundamentais na proteção contra os raios ultravioletas. O idoso precisa compensar essas perdas, essas alterações", explica Sotero ao enumerar os porquês dessa pele ser menos resistente às adversidades ambientais.

Mariane reforça ainda que esses cuidados devem acontecer por todo o ano e de maneira preventiva. "Hidratação em dia, uso do protetor solar e o uso de alguns produtos de skincare, como o uso de ácido retinóico ou bioestimuladores de colágeno são recomendações importantes para compensar as perdas dessas estruturas", afirma.

Do outro lado da balança, a pele da criança é uma pele que está em formação e em amadurecimento das camadas da pele. A dermatologista chama atenção de que é uma pele mais suscetível a lesões, traumas e alergias e reforça que cada faixa etária precisa de uso de produtos específicos. Portanto, deve-se evitar o uso de produtos adultos em crianças.

"Um dos cuidados essenciais na pele da criança são produtos de proteção de barreira. Como alguns tipos de pomadas que vão impedir que agentes químicos entrem em contato direto com a pele da criança. Nas mais novas, fazer troca de fralda frequente para evitar alergias e, a partir de 6 meses, a criança já está liberada para fazer uso de protetor solar. Por terem uma pele um pouco mais sensível, o uso diário de hidratante também é indicado", declara Mariane.

Vacina contra o câncer de pele

A tecnologia e a ciência são aliadas do combate a doenças e são incansáveis na busca pela cura. A atual vacina que está sendo desenvolvida para câncer de pele é um estudo desenvolvido há seis anos, coordenado por dois laboratórios norte-americanos. "É um processo de combinação de uma vacina de RNA com medicamento de imunoterapia que está sendo estudado em pacientes em estágios avançados do câncer de pele mais agressivo, que é o melanoma. Estão sendo feitos estudos em pacientes com este tipo de câncer nos estágios III e IV", conta Mariane.

A combinação da vacina com a medicação da imunoterapia prepara o sistema imunológico fazendo com que o paciente gere uma resposta anti-tumoral personalizada e específica. "A vacina vai atuar aumentando a capacidade do sistema imune de combater as células tumorais. O que se tem visto é uma redução do risco de recorrência e de morte em mais de 40% dos pacientes", comemora a dermatologista que ainda acrescenta: "É uma empreitada muito promissora. Os resultados estão sendo positivos, e o próximo passo é avançar para a fase 3 do estudo. Lembrando que o Brasil é o segundo país no mundo com o maior casos de câncer de pele. Então, o país será altamente beneficiado com essa nova proposta", afirma.

Edição: Gabriela Amorim