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Artigo | Ainda sobre o fracasso do golpe de 8 de janeiro. É bom ficarmos atentos

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"É bom deixar claro que não devemos nos iludir, de que tudo está se normalizando. Nossa democracia continua correndo risco" - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Ataques foram orquestrados por mandantes, financiadores e mentores

No dia 8 de janeiro de 2023 a democracia brasileira foi ameaçada como já sabemos, por atos de vandalismo e terrorismo, quando um grupo de bolsonaristas raivosos, que não aceitaram o resultado da derrota nas urnas. Evidentemente tais indivíduos foram orquestrados por empresários de setores do transporte, agronegócios etc.

Como bem disse o presidente Lula em entrevista, as portas foram abertas para a entrada dos golpistas, que depredaram os prédios que sediam os Três Poderes da República Brasileira, enfrentando pouca ou nenhuma resistência das forças de segurança do Distrito Federal. Tais atos foram divulgados amplamente nas redes sociais, pelos próprios terroristas.

Eles têm por referência as Forças Armadas americanas, que possuem um anticomunismo enraizado

É bem verdade que esses ataques foram orquestrados por mandantes, financiadores e mentores que não aparecem nos atos terroristas. Todos devem ser punidos, sem anistia, pois, os mesmos agiram contra a nossa democracia.

Democracia ainda em risco

Mas, é bom deixar claro que não devemos nos iludir, de que tudo está se normalizando. Nossa democracia continua correndo risco.

Nos idos do governo do Presidente João Goulart nos anos de 1960; quando os Sindicatos tinham força e defendiam os direitos dos trabalhadores adquiridos; a UNE mobilizava a juventude; além da Liga Camponesa que levantava a bandeira da Reforma Agrária. Tudo isso deixava a elite brasileira da época apreensiva. Surgem então várias organizações de extrema direita, até despontar nas Marchas da Família com Deus e pela Liberdade.

João Goulart é então derrubado pelo golpe de 1964; tendo a nossa Constituição na época sido rasgada; as instituições democráticas são caladas. É instalado então o governo militar.

O bolsonarismo, uma extrema direita fanatizada, inflamou o ódio que não dará trégua ao presidente legitimamente eleito

Esse povo que se instalou em acampamentos em frente aos quartéis do exército se julgam militares e melhores que os demais civis. Muitos são aposentados que levavam suas cadeiras de praia, faziam suas reuniões e mais tarde retornavam para suas casas, deixando os “peões” a tomarem conta do acampamento.

Eles têm por referência as Forças Armadas americanas, que possuem um anticomunismo enraizado, sem nem saber o que isso significa. Não respeitam a Constituição e se julgam “patriotas”. Nem tampouco sabem que as Forças Armadas são para defender a pátria de inimigos externos e não inimigos internos.


Centenas de pessoas em frente aos quartéis pediam intervenção militar / Foto: Joana Berwanger/Sul21

Muitos dizem que a extrema direita brasileira saiu há pouco tempo do “armário”, pura falácia, pois, por mais de três séculos mantivemos escravos no cativeiro, além da destruição dos povos indígenas, da ditadura de Vargas, o chamado Estado Novo, o Integralismo, a Tradição Família e Propriedade, além do golpe de 1964.

Devemos ficar atentos pois na invasão do Planalto, as portas foram abertas, segundo o presidente Lula, para que os terroristas entrassem.

Os defensores da democracia não devem abaixar a guarda, pois o bolsonarismo, uma extrema direita fanatizada, inflamou o ódio que não dará trégua ao presidente legitimamente eleito, assim como fez Aécio Neves no segundo mandato da presidenta Dilma.

Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG).

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida