Cê acha que a maré de azar é pouca coisa?
Minha cara leitora, meu caro leitor. Este simples escritor proletário e das quebradas chega a 100 crônicas. Sim! 100 crônicas. Já disse aqui nesta coluna do nosso jornal Brasil de Fato que tenho muitas dificuldades com a norma-padrão da nossa língua portuguesa, mas isso não me impede de escrever.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
Para comemorar minha centésima crônica, queria brindar vocês com uma conversa que tive com um amigo muito perspicaz, sacana e engraçado. Ele se autodeclara um sobrevivente nessa selva de concreto e aço em que sobrevivemos. Começa assim:
- E aí, meu irmão, tudo dentro dos conformes?
- Cê deve tá de brincadeira, né?
- Por quê, rapá?
- Trabalho mais de 12 horas por dia, em cima dessa motoca levando rango da hora pros boys com uma fome danada. É mole? E ainda tô numa pindaíba danada. Tô cheio de boletos pra pagar. Meu barraco inundou com essas chuvas e levou todos os meus móveis. Perdi um sofá novinho que ainda estou pagando.
- Karai, meu brother! Que fase do caramba!
- Mas o pior ainda estava por vir. Quer saber?
- Tem mais alguma coisa?
- Cê acha que a maré de azar é pouca coisa?
- Fala aí, Zé!
- Minha tia bolsominion chegou esses dias lá no meu barraco com uma tornozeleira eletrônica falando que iria ficar uns dias escondida, porque estava com vergonha dos vizinhos dela.
- Agora, além da minha pindaíba, tenho que aguentar ela assistir todos os dias ao tal de Datena e vestida com a camisa da seleção brasileira.
Rubinho Giaquinto é covereador pela Coletiva em Belo Horizonte.
----
Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
--
Leia aqui mais crônicas da coluna de Rubinho Giaquinto.
Edição: Elis Almeida