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Artigo | Enfrentar os racistas

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"Não se acaba com o racismo sem combater os racistas. São eles que geram conteúdos de violência e discriminação" - Foto: Tamás Bodolay
Aumento do “pretagonismo” acontecerá no enfrentamento dos racistas

Nós somos a maioria. Os últimos dados oficiais indicam que 54% da população brasileira é constituída por mulheres e homens pretos. Contudo, o racismo e a discriminação ainda imperam na sociedade brasileira. Precisamos descolonizar.

Certa vez, Glória Maria disse em entrevista: “minha raça vem da minha história de escravidão, de falta de liberdade e eu não quero essa vida pra mim em nenhum nível. Sou livre para o que eu quiser fazer”. E por isso, precisamos enfrentar os racistas.

Ao contrário disso, nosso povo ainda vive situações racistas que se manifestam nos salários, quando pretos e pretas recebem menos do que trabalhadores brancos que exercem a mesma função. Na recusa a uma vaga de emprego. Na violência cometida por alguns policiais contra jovens pretos das periferias. Por olhares de seguranças nos shopping centers. Na ocupação dos espaços de poder, onde a nossa presença ainda causa estranheza e gera demonstrações de racismo. Eu mesma, no primeiro dia dos trabalhos legislativos deste ano na Assembleia de Minas, fui vítima de manifestações deste tipo, por parte de um outro parlamentar.

Nos últimos quatro anos esses comportamentos foram reiteradamente estimulados pela figura de um homem racista, fascista, genocida que ocupava o Palácio do Planalto. O discurso de ódio contra a população preta tinha presença frequente em seus discursos e em suas lives. Realidade que ficará para trás com a sua derrota. E nós seguimos em frente, enfrentando o racismo.

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Sinais de mudança

Os ares já começaram a dar sinais de mudança. O Presidente Lula, em sua visita aos Estados Unidos, declarou a prioridade que dará ao pagamento da enorme dívida social que o Brasil tem com o povo preto. Resgatará as políticas afirmativas que foram marca em seus governos anteriores e responsáveis pelo avanço, por exemplo, da participação de estudantes pretos nas universidades. Entre esses, eu.

Contudo, o aumento do “pretagonismo” só acontecerá se os racistas forem enfrentados em todos os espaços. Não se acaba com o racismo sem combater os racistas. São eles que geram conteúdos de violência e discriminação. São eles que colocam esses conteúdos em prática. São eles os adversários a serem batidos.

E essa é a tarefa que nosso mandato tem levado a cabo cotidianamente e contado com a colaboração militante de milhares Minas Gerais afora.

Andreia de Jesus (PT) é educadora popular, advogada, mãe solo e deputada estadual em Minas Gerais.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida