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Editorial | Com PPI, Petrobrás tirava dos pobres e dava aos ricos. Em 2022 foram R$ 215 bi

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O PPI na Petrobrás viabilizou um dos maiores programas de transferência de renda às avessas da história desse país. - Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Bolsonaro repassou 63 ativos da Petrobrás à iniciativa privada

O fim da nefasta política de Preço de Paridade de Importação (PPI) na Petrobrás, que precificava o combustível refinado no país em artificial equivalência com o combustível importado, é uma vitória popular a ser comemorada.

Essa política estava no cerne do projeto de pilhagem da estatal operada por agentes públicos instalados no governo federal. Ela beneficiava sobretudo os acionistas privados, que avançaram aceleradamente a partir do golpe de 2016.

Tendo a maior parte de seus custos de produção denominados em reais e notável eficiência produtiva construída a partir do investimento, ao longo de décadas, em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a estatal tornou-se capaz de refinar combustível a custo significativamente inferior à importação e manter-se lucrativa.

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Já o PPI, ao embutir no preço do combustível vendido nas refinarias em território nacional custos fictícios que só existem no combustível importado viabilizou um dos maiores programas de transferência de renda às avessas da história desse país.

A Petrobrás distribuiu, só em 2022, inacreditáveis R$ 215,8 bilhões em dividendos a seus acionistas, valor superior ao lucro líquido da estatal no ano, reportado em R$ 188,3 bilhões. Isso foi possível, por um lado, pelos preços artificialmente inflados praticados pela empresa e pagos por cada brasileiro e, por outro, pela retração no investimento produtivo da companhia.

Apesar das cifras alarmantes, esse processo quase nunca foi objeto de cobertura crítica pela mídia empresarial brasileira. Nesses veículos, em regra, na cobertura de temas ligados à soberania e ao desenvolvimento, os interesses nacionais e populares tendem a dar lugar ao terrorismo econômico que se torna mais agressivo quanto mais indefensáveis os interesses dos poucos que lucram com um país arrasado e desigual.

Ainda assim, vencemos essa batalha

A luta pela reconstrução do Brasil, contudo, continua.

Fim do PPI: primeiro passo para Petrobrás contribuir com desenvolvimento 

Junto a outros 63 ativos da Petrobrás entregues à iniciativa privada pelo governo Bolsonaro estava importante parcela do refino e também a distribuidora de combustível. Por consequência, a Petrobrás perdeu capacidade de repassar integralmente a redução no preço do combustível às regiões atendidas por refinarias privatizadas, bem como ao consumidor final, por não mais atuar na distribuição.

Nesse contexto, o fim do PPI representa apenas um primeiro passo rumo ao retorno da empresa à sua vocação de promoção do desenvolvimento econômico e social no país.

Edição: Elis Almeida