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PRESERVAÇÃO

Estudo que ajuda a prever impacto de mudanças climáticas na Caatinga ganha prêmio internacional

Pesquisadora Ana Cláudia Oliveira realizou o estudo através de parceria da Univasf com Universidade de Lisboa

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A biodiversidade da Caatinga é bastante estudada justamente por incluir espécies adaptadas às condições do Semiárido - Flickr

O que você faria se pudesse prever os impactos das mudanças climáticas na Caatinga? O bioma único, que se espalha pela região Nordeste do Brasil, abriga uma incrível diversidade de espécies de plantas e animais que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo, mas que vem sendo ameaçada pelas mudanças climáticas. 

Na tentativa de prever os impactos, a pesquisadora Ana Cláudia Oliveira realizou um estudo que aponta indicadores ecológicos para monitorar estes impactos na caatinga. A pesquisa é fruto da sua tese de doutorado. Assista:

“Desenvolvi um projeto que teve como objetivo utilizar indicadores ecológicos, nomeadamente a diversidade da biodiversidade como ferramenta para monitorizar e consequentemente prever de forma precoce os impactos climáticos sob o ecossistema, nomeadamente os aspectos relacionados com a desertificação da floresta seca do Nordeste do Brasil, a nossa Caatinga” explica a pesquisadora.

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O estudo foi desenvolvido em parceria entre o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (ULisboa). Pela sua importância, a pesquisa ganhou o prêmio na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais do Prêmio Científico Mário Quartin Graça.


Ana Cláudia Oliveira (à esq.) ganhou o Prêmio Científico Mário Quartin Graça 2022 / Divulgação/NEMA

O prêmio é concedido anualmente pela Casa da América Latina para as melhores teses desenvolvidas por pesquisadores portugueses ou latino-americanos. A pesquisa intitulada "Indicadores ecológicos como ferramentas para monitorar os efeitos das mudanças climáticas em florestas tropicais secas” conclui que o aumento da aridez, causado pelas mudanças climáticas, poderá prejudicar a biodiversidade e as funções ecossistêmicas da caatinga.

A biodiversidade da Caatinga é bastante estudada justamente por incluir espécies adaptadas às condições do Semiárido, como plantas com espinhos e raízes profundas que permitem a sobrevivência em solos secos e árvores com troncos e cascas resistentes ao fogo. Mas nos últimos anos, essas características do bioma não resistem às alterações humanas e a Caatinga sofre com a ameaça de desertificação.

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Com a realidade das mudanças climáticas, aumenta a necessidade de prever os efeitos das alterações do clima em florestas tropicais secas a fim de pensar em estratégias que diminuam os impactos negativos e previnam a desertificação.

Ana Cláudia destaca algumas medidas preventivas que podem auxiliar na preservação da caatinga. “Nós podemos adotar medidas preventivas oportunas, por exemplo: a conservação de florestas remanescentes e repensar ações de restauração ecológica introduzindo espécies com características funcionais específicas, como o uso de plantas que tenham dispersão de frutos via animais. Além disso, espero que isso faça nós atuarmos de maneira sustentável sobre o manejo desse ecossistema”, exemplifica.

A pesquisa, que representa um avanço na compreensão dos impactos das mudanças climáticas na caatinga pode ser acessada na íntegra no site da ULisboa, clicando aqui

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Edição: Vanessa Gonzaga