Minas Gerais

CONTRADIÇÃO

Governo Zema nomeia ortopedista integrante do Partido Novo para dirigir projetos na Cemig

Bernardo Ramos é o 15º integrante nomeado pelo governo de MG. Segundo sindicato, número de cargos na diretoria aumentou

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

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Sede da Cemig - Foo: Reprodução/ twitter/ Guilherme Dardanhan

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ganhou um novo integrante em sua diretoria na última semana. Nomeado pelo governador Romeu Zema (Novo), o médico ortopedista Bernardo Ramos, ex-vereador de Belo Horizonte, também pelo Partido Novo, ocupará a diretoria adjunta de Projeto Especiais.

A nomeação foi recebida com críticas pelos trabalhadores da estatal mineira, tanto pelo fato do novo diretor ser membro do partido do governador, quanto pela sua profissão não ser relacionada ao ramo de geração e distribuição de energia elétrica. O Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro/MG) tem visto a movimentação como um favorecimento entre aliados.

“Além de ser mais um do partido de Zema ganhando cargos na estatal, há a peculiaridade de Ramos ser médico especialista em ortopedia e traumatologia, com enfoque na área pediátrica. Qual será sua contribuição nas atividades da Cemig?”, questionou o sindicato, em nota.

Diretoria aumentou

Bernardo Ramos é o 15º integrante da diretoria da Cemig nomeado pelo governador. Em campanha eleitoral, Romeu Zema garantiu que iria reduzir o número de cargos de gestão da administração pública direta e indireta do Estado. Fato contestado pelo eletricitário e secretário-geral do Sindieletro/MG, Jefferson Leandro.

“A Cemig, à época, tinha onze diretores. Zema diminuiu para sete diretorias e criou sete diretorias adjuntas. A diretoria adjunta está submetida à presidência da Cemig e tem o mesmo peso das outras diretorias. Ou seja, ao invés de reduzir, ele aumentou o número de diretorias de onze para 14”, explica.

Segundo apurou o Brasil de Fato MG, a remuneração de um diretor da Cemig em 2021 era de R$ 67 mil mensais mais a remuneração variável, que naquele ano estimava ser de R$ 500 mil anual. Assim, um diretor da estatal recebe, em média, R$ 1,3 milhão por ano.

Aposentados na berlinda

Outro receio é de que a entrada de Bernardo Ramos na Cemig represente um avanço da gestão Zema para reduzir o chamado “custo pós-emprego”. É o que avalia o secretário-geral do Sindieletro/MG, após um encontro com o novo diretor adjunto, que aconteceu na manhã da terça-feira (20).

Segundo Jefferson, apesar de uma reunião amistosa, como ele classificou, os interesses antagônicos impossibilitam uma convergência entre trabalhadores e governo estadual.

“Ficou muito claro para nós que a tarefa de Bernardo Ramos é dar tratativa ao que a gestão Zema tem chamado na Cemig de ‘custo pós-emprego’. O que, para nós, é direito dos trabalhadores”, destacou.

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Ele se refere à retirada de benefícios que os trabalhadores continuam possuindo após se aposentarem na empresa. A cobertura do plano Cemig Saúde, previsto em acordo coletivo, é um deles.

O governo de Minas foi questionado pela reportagem, mas não respondeu até a publicação da matéria. O espaço segue aberto.

Quem é Bernardo Ramos

Nascido em Belo Horizonte, Bernardo Luiz Fornaciari Ramos é médico, especialista em ortopedia pediátrica. Ocupou a Secretaria Adjunta de Estado de Saúde em 2019, saindo do cargo para assumir como vereador de Belo Horizonte no lugar de Mateus Simões (Novo), que se afastou para assumir a Secretaria Geral do Estado de Minas Gerais.

Em julho de 2021 foi nomeado vice-presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e Diretor de Saúde do Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP).

Edição: Ana Carolina Vasconcelos