Rio Grande do Sul

SINDICALISMO

Amarildo Cenci é reeleito presidente da CUT-RS durante o 16º Congresso Estadual da entidade

Mais de 400 delegados e delegadas reuniram-se para avaliar a gestão e planejar a luta sindical do próximo período

Brasil de Fato | Porto Alegre |
16º Congresso Estadual da CUT Rio Grande do Sul (16º CECUT-RS) foi realizado no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS - Foto: Matheus Piccini/ CUT-RS

O professor Amarildo Cenci foi reeleito presidente da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), na tarde de sábado (5), no encerramento do 16º Congresso Estadual da CUT Rio Grande do Sul (16º CECUT-RS). Participaram mais de 400 delegados e delegadas do campo e da cidade, dos setores público e privado, além de observadores e convidados, sob o lema “Luta, direitos e democracia transformam vidas”. O encontro foi aberto no início da noite de sexta-feira (4), com a presença do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.

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Com o Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa lotado, a chapa de unidade foi eleita por unanimidade para o mandato de 2023-2027 da entidade. “Queremos que a classe trabalhadora seja cada vez mais protagonista na reconstrução do nosso país”, disse o dirigente reeleito.

Um dia antes, na abertura do 16º CECUT-RS, Cenci ressaltou que o movimento sindical segue “vivo, resistente e mais forte”. Destacou a volta do CPERS Sindicato e do Sintrajufe-RS, que recentemente se refiliaram à CUT. e a chegada de vários sindicatos, como caminhoneiros, agricultura familiar e municipários, “que estão vindo fazer a luta”. Segundo ele, “precisamos somar e crescer”.


Amarildo: "Queremos que a classe trabalhadora seja cada vez mais protagonista na reconstrução do nosso país” / Foto: Matheus Piccini/ CUT-RS

Cenário estadual e nacional

O presidente de central também criticou a gestão do governador Eduardo Leite (PSDB), que segundo ele “anda mentindo para todo mundo”. Para Cenci, o chefe do Executivo gaúcho “é um inimigo da classe porque ele vende patrimônio e não entrega nada em troca de serviço público e de política pública”.

Disse ainda que Leite “faz maracutaia na Corsan, suborna prefeitos, corrompe o estado”, referindo-se à manobra do governador junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para derrubar a liminar de uma conselheira que impedia a assinatura do contrato de venda da Corsan.

Cenci também abordou o cenário nacional e disse que “a classe trabalhadora tem tarefas”. “Nós elegemos Lula e toda hora ele nos diz: não venham aqui puxar o meu saco, vão se organizar e fazer luta porque é assim que garantimos as transformações e a reconstrução do Brasil”, pontuou reforçando a consciência de classe dos trabalhadores.

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Ele defendeu a unidade da ação sindical. “A gente tem que fazer junto. A gente não precisa pensar tudo igual”, apontou. “O movimento sindical organizado e fortalecido é o que vai dar o suporte político para fazer a reconstrução do Brasil com democracia e organização nos locais de trabalho e nos territórios.”

Apoio à greve da Aurora

Na manhã de sábado, 16º CECUT-RS ouviu o relato de dois dirigentes sindicais da região do Alto Uruguai sobre a greve dos trabalhadores e das trabalhadoras do frigorífico da Cooperativa Central Aurora Alimentos, em Erechim. O movimento foi deflagrado na madrugada da última segunda-feira (31) por melhores salários e condições de trabalho. Apesar das mediações realizadas pela Justiça do Trabalho, não houve acordo e a paralisação continua.

Desta forma, foi aprovada por unanimidade uma moção de apoio à greve (Leia a moção no final desta matéria). “Queremos dizer aos patrões da Aurora que os trabalhadores e as trabalhadoras em greve não estão sozinhos. Eles contam com a CUT. Eles contam com as entidades sindicais cutistas do Rio Grande do Sul”, diz o texto.

Segundo o presidente eleito da Contac-CUT, Josimar Cechim, quase todos os 2 mil funcionários e funcionárias da Aurora estão em greve, resistindo e lutando para melhorar as suas condições de trabalho.


Delegados aprovaram resoluções sobre estratégias da CUT para o próximo período e do plano de lutas / Foto: Matheus Piccini/ CUT-RS

Nova direção

A eleição para o mandato de 2023-2027 da CUT-RS ocorreu no final do segundo dia do congresso, que começou com uma exposição sobre a autonomia do Banco Central e a sua política de juros altos, a exibição de um vídeo de balanço da gestão 2019-2023, a aprovação de resoluções sobre estratégias da CUT para o próximo período e do plano de lutas.

Além de Amarildo, que é também diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), foram igualmente reeleitos, dentre outros, o vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, que é diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre; a secretária-geral Vitalina Gonçalves, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Municipal de Gravataí (SPMG); e o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, que é sapateiro de Nova Hartz.

A nova direção tem a volta de dirigentes do CPERS Sindicato, que se refiliou à CUT no último dia 14 de julho. A presidente Helenir Aguiar Schürer será a secretária de Formação da CUT-RS e a secretária-geral Suzana Lauermann, a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS.

Também foram eleitos para a nova gestão o presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, que será o secretário de Meio Ambiente da CUT-RS; o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesian, que assumirá o cargo de secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-RS, e o coordenador-geral da Fetraf-RS, Douglas Cenci, que será o secretário de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT-RS.


Mulheres que fazem parte da diretoria da CUT-RS, tanto da executiva quanto dirigentes estaduais / Foto: Matheus Piccini/ CUT-RS

Íntegra da moção de apoio à greve

"Os quase 450 delegados e delegadas presentes no 16º CECUT-RS prestam a sua absoluta solidariedade aos trabalhadores e às trabalhadoras das unidades do frigorífico da Cooperativa Aurora Alimentos, em Erechim, em greve para melhorar os seus salários e as condições de trabalho.

É inadmissível que os trabalhadores e as trabalhadoras de um segmento tão importante para a economia do Rio Grande do Sul não tenham os seus salários reajustados.

É inadmissível que os trabalhadores percam os seus vales de alimentação quando adoecem. Vejam o tamanho da barbaridade: o patrão provoca o adoecimento e é capaz de tirar o alimento dos trabalhadores e das trabalhadoras quando mais precisam.

É inadmissível que os trabalhadores e as trabalhadoras sejam expostos a condições de trabalho tão repetitivos e, com uma intensidade insuportável, sejam tratados com descaso, principalmente tratando da jornada de trabalho de segunda a sábado.

Enquanto os trabalhadores enriquecem os donos dos frigoríficos com o seu trabalho, são tratados com baixos salários e autoritarismo.

Nós repudiamos a truculência da Brigada Militar convocada pelos patrões para reprimir e preservar a exploração e os privilégios dos patrões.

Queremos dizer que o tempo da opressão, o tempo do “cala a boca”, o tempo do “fiquem quietos” e o tempo do trabalho sem direitos passou.

Queremos dizer aos patrões da Aurora que os trabalhadores e as trabalhadoras em greve não estão sozinhos. Eles contam com a CUT. Eles contam com as entidades sindicais cutistas do Rio Grande do Sul.

Viva a greve dos trabalhadores e das trabalhadoras do frigorífico da Aurora”

* Com informações da CUT-RS


Edição: Marcelo Ferreira