Minas Gerais

Coluna

Zema, água não é mercadoria

Imagem de perfil do Colunistaesd
"Uma das principais questões que gera revolta é a política excessiva de terceirização e quarteirização na Copasa. " - Foto: Copasa
O descontentamento com o governo estadual é evidente nas ruas e nas redes sociais

Muito tem se falado na mídia mineira sobre a prestação de serviços da Copasa. Erros de leitura ou ausência de leitura, serviços com demora no atendimento e outras várias reclamações. O fato é que isso é uma peça teatral, cujas falas sempre direcionam para um ator principal e sua ideia de vender ilusões para seu público. O público é a população e a peça é o “sucateamento de estatais”.

Mas, recentemente, o autoritarismo se agrava: vendo sua péssima atuação nesse teatro de horrores, Zema não quer que o público opine sobre a peça, retirando do povo o direito de decidir sobre privatizações.

O governador Zema tem sido alvo de críticas acirradas por suas políticas ​​em relação ao saneamento básico em Minas Gerais. Isso porque, primeiramente, ele não sabe o que falar, a não ser invenções sobre como o privado seria melhor do que o público. Segundo porque Zema não sabe, mesmo, como abordar o tema, afinal se soubesse, diria menos impropérios.

Uma das principais questões que gera revolta é a política excessiva de terceirização e quarteirização na Copasa. Esse enfoque na privatização de serviços do governo estadual mostra a falta de compromisso com o bem-estar, com a qualidade de vida dos cidadãos e com o próprio Estado.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

A terceirização desenfreada na Copasa é uma estratégia que já sofre desgastes. Vejam a ironia: o próprio mercado precificou as falhas na Copasa e a puniu, pois, mesmo diante de um lucro multimilionário de R$ 249,3 milhões, as ações tiveram uma queda de 9%.

O próprio “deus mercado”, para o qual Zema se ajoelha, vê que a gestão novista na Copasa está fazendo estragos. A longo prazo, a empresa perde a sua identidade pública, tornando-se uma entidade mais focada nos lucros do que em cumprir com a sua função social, que é garantir o acesso ao saneamento básico a toda a população. E Zema, agora, vê desmanchar até mesmo sua estratégia de obtenção de lucro a todo custo, mesmo que esse custo seja a água da população.

Sobrecarga e piora nas condições de trabalho

Outro aspecto preocupante da gestão do governador Zema é o corte sistemático de concursos e vagas na Copasa. A falta de novos concursos públicos resulta na redução do quadro de funcionários concursados, profissionais que são qualificados e comprometidos com o serviço prestado. Em contrapartida, a contratação de empresas terceirizadas nem se preocupa com a qualidade de serviço, já que, muitas vezes, o foco dessas empresas é maximizar o lucro em detrimento da eficiência e do atendimento aos anseios da população.

Além disso, o baixo investimento em infraestrutura de saneamento básico também é uma marca da gestão do governador. Essa falta de prioridade em melhorar a rede de abastecimento de água e esgoto afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Com o serviço precário, a população sofre com falta de água, esgotos a céu aberto, doenças relacionadas à falta de saneamento adequado.

Os resultados dessas políticas são alarmantes e afetam profundamente a vida dos cidadãos mineiros. A população sofre com o aumento das tarifas sem uma melhoria significativa na prestação dos serviços. A qualidade do saneamento é negligenciada, colocando em risco a saúde e o bem-estar das pessoas, especialmente os mais pobres.

O descontentamento com a administração de Zema é evidente nas ruas e nas redes sociais, com manifestações e protestos em várias regiões do estado. A falta de investimento e a terceirização exagerada estão criando um cenário de insatisfação generalizada e de descrença nas políticas públicas.

Zema, sem saída, sem projeto, sem escopo ou sem bons nomes ao seu lado faz o óbvio: lotear as estatais com cargos políticos e terceiriza a responsabilidade e ao querer terceirizar até mesmo o saneamento com a privatização, Zema, irá fracassar.

 

Lucas Tonaco é acadêmico na área de antropologia social e ciências humanas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), secretário de comunicação da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), diretor de comunicação do Sindágua-MG e membro fundador da Frente de Comunicação Urbanitária.

--

Leia outros artigos da coluna Saneamento é Básico no Brasil de Fato MG.

--

Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

Edição: Larissa Costa