A descrição anatômica completa do clitóris só foi publicada em 1998, por uma pesquisadora
O clitóris (ou clítoris, ambas as formas são corretas) é o único órgão do corpo humano cuja função exclusiva é o prazer. Isso já deveria ser motivo suficiente para que o clitóris recebesse toda a nossa atenção, não é mesmo? Só que o prazer aqui, no caso, é o feminino. Aí, o machismo faz o exato oposto e talvez, o clitóris tenha sido o órgão que recebeu menos atenção dos cientistas ao longo da história.
A descrição anatômica completa do clitóris só foi publicada em 1998, pela cientista australiana Helen O’Connell. E até hoje essa estrutura segue bastante desconhecida por grande parte das pessoas.
Provavelmente, o máximo que a maioria ouviu foi que há uma pequena região na parte anterior da vulva que é a principal responsável pela estimulação sexual da mulher.
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Mas, na verdade, essa é só a fração externa do órgão, a glande. A maior parte dele se localiza internamente, ao redor do canal vaginal. Você pode ter uma ideia de sua real aparência na foto que ilustra a coluna de hoje.
No início do desenvolvimento embrionário não é possível distinguir entre um embrião do sexo feminino do masculino. Por volta da sétima semana de gestação é que tem início a diferenciação sexual, quando uma mesma região do embrião dá origem aos órgãos feminino ou masculino, a depender dos cromossomos presentes no genoma do indivíduo.
O clitóris e o pênis são formados assim. São órgãos com a mesma origem embrionária. Têm, portanto, uma estrutura semelhante, composta por corpos esponjosos e cavernosos, tecidos que enchem de sangue quando há excitação sexual. E cheios de terminações nervosas, principalmente na glande, em que a pessoa sente, portanto, mais prazer. Inclusive, o clitóris possui mais que o dobro de terminações do que o pênis: cerca de 10 mil.
Até o prepúcio, aquela pele que recobre a glande do pênis, também está presente sobre o clitóris. Pode ser maior ou menor em cada pessoa, o que deixará mais ou menos exposta a glande do clitóris. Ou seja, hoje fala-se até em fimose feminina.
Conhecer a anatomia e o funcionamento do corpo é fundamental para cuidarmos bem e fazermos um uso adequado dele, em toda a sua potência. Hoje, a ciência tem se tornado menos machista. Com isso, estudos que aumentem a compreensão sobre o prazer podem trazer mais ferramentas para que as mulheres se sintam mais à vontade com seus corpos e consigam extrair dele o que de melhor ele tem a oferecer!
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de ensino de Minas Gerais.
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Edição: Larissa Costa