'23 de Enero'

Maduro celebra 66 anos do fim da ditadura na Venezuela e critica direita: 'onde está Guaidó?'

Governo e oposição vão às ruas em atos com tom eleitoral; data marca a derrubada do ditador Marcos Pérez Jiménez

São Paulo (SP) |
'Passados cinco anos, onde Guaidó está e onde eu estou?', ironizou Maduro - Prensa presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursou nesta terça-feira (23) durante ato para celebrar os 66 anos do fim da ditadura no país e debochou do ex-deputado Juan Guaidó. "Hoje faz cinco anos que temos um presidente de verdade. Viva Juan Guaidó!”, ironizou o mandatário.

Na mesma data, em 2019, o então parlamentar da oposição tentou dar um golpe de Estado no país e se autoproclamou presidente, sendo reconhecido imediatamente pelos Estados Unidos, então governado pelo republicano Donald Trump.

Já no ato desta terça-feira, que contou com milhares de pessoas na capital Caracas, Maduro questionou: “passados cinco anos, onde Guaidó está e onde eu estou?”. O ex-deputado hoje vive em Miami e perdeu a liderança da coalizão opositora venezuelana chamada Plataforma Unitária.

::O que está acontecendo na Venezuela::

O presidente ainda citou os planos de golpes de Estado que foram investigados pelo Ministério Público e desmontados no ano passado. Maduro disse que o povo foi às ruas nesta terça-feira para mostrar “quem é que manda na Venezuela” e que, caso sofra um atentado, deixará nas mãos dos venezuelanos “fazer o que tem que ser feito”. 

O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, também participou da manifestação e afirmou que os trabalhadores apoiaram Maduro “na construção do futuro e de um estado de bem-estar social que nos foi roubado pelo imperialismo”.

Marchas e 'contramarchas'

Governistas e opositores foram às ruas nesta terça-feira para celebrar o fim da ditadura do general Marcos Pérez Jiménez (1958), em atos com tom de campanha eleitoral. Do lado chavista, os manifestantes se concentraram no Parque del Este e caminharam pela avenida Francisco de Miranda até o centro de Caracas. Além da capital, foram registrados atos governistas em ao menos mais cinco estados: Carabobo, Aragua, Cojedes, Monagas e Barinas.

Esse é o primeiro ato de uma série de mobilizações pró-governo. As manifestações vão acontecer até 4 de fevereiro e incluem a celebração dos 25 anos da posse de Chávez, no dia 2 de fevereiro. O partido governista PSUV se prepara para o encerramento desse ciclo de mobilizações com uma caravana que sairá de diferentes regiões do país até Caracas.

De acordo com o governo venezuelano, uma segunda fase de manifestações de rua será realizada de 12 de fevereiro a 5 de março. O vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), Diosdado Cabello, afirmou, em entrevista coletiva na segunda-feira (22), que as manifestações serão diárias neste período.

Já do lado da oposição, a manifestação teve início às 10h30 (horário local) na praça Altamira, zona leste da capital. A pré-candidata presidencial da oposição, María Corina Machado, apresentou o que chamou de Grande Aliança Nacional (Gana) para o processo eleitoral de 2024.

Em discurso, Corina disse que esse projeto é uma “grande plataforma em defesa do voto” e aproveitou a ocasião para atacar Maduro: “[O presidente] fala muito de eleições, mas ele tem pavor de eleições. O mandato que o povo me deu em 22 de outubro [primárias] é para enfrentar e derrotar este regime em eleições e vamos cumprir isso até o final”, disse.

O grupo opositor criticou também a montagem de um espaço para apoiadores do governo no mesmo lugar em que estava concentrada a manifestação do Vente Venezuela. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Maria Corina também afirmou que diversas sedes de seu grupo político amanheceram pichadas com ameaças dos chavistas. Nas imagens divulgadas pela pré-candidata ultraliberal, na calçada de uma casa está escrito “Fúria Bolivariana” —nome do plano lançado por Maduro na última quinta-feira (18) para desmontar atentados “promovidos por organizações internacionais” na Venezuela.

Já a coalizão Plataforma Unitária pediu, por meio de nota, a definição de uma data para as eleições presidenciais, que devem ocorrer em outubro. A realização do pleito foi acordada entre governo e oposição durante mesa de diálogo em Barbados no final do ano passado.

Edição: Lucas Estanislau