Outros fatores podem influenciar mais no mau cheiro do que o tamanho dos pelos
“Cecê: cheiro de corpo; cheiro forte e desagradável de suor, especialmente nas axilas”. O termo popular está no dicionário, assim como seu correspondente técnico pomposo: bromidrose. Sim, esse é o nome que a ciência dá para o mau cheiro excessivo de algumas partes do corpo. Se for debaixo do braço, eis uma bromidrose axilar. Nos pés (o famoso chulé) temos a bromidrose plantar.
Independentemente do tipo, ela é causada pela proliferação de microrganismos, principalmente bactérias. Eles se alimentam do sebo e suor produzidos pelas glândulas da pele, principalmente as chamadas apócrinas. Esse tipo se concentra na região das axilas, pés, virilhas e peitos. Por isso, tais locais estão mais suscetíveis ao mau cheiro.
Esse odor é natural e possuía, em nosso passado ancestral, uma função de comunicação olfatória. Provavelmente ligada ao comportamento sexual. Sim, nos atraíamos sexualmente por parceiros de acordo com seus cheiros corporais próprios.
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Porém, atualmente, nossa cultura não vê com bons olhos (ou narizes) o cecê. Por isso, buscamos formas de eliminá-lo. Tomar banho, usar perfumes, desodorantes e antitranspirantes e trocar de roupa periodicamente são os principais exemplos dessas medidas.
Observamos na adolescência que o aparecimento do cecê vem acompanhado do início do crescimento dos pelos das axilas. Será então que depilar essa região ajuda a eliminar o mau cheiro?
Parece uma boa hipótese, certo? Quanto mais e maiores os pelos, maior a superfície de contato para que os microrganismos se desenvolvam. E quanto mais microrganismos, mais forte será o cecê.
Experimentos já foram feitos para se medir se há uma diferença significativa no odor de pessoas que aparam os pelos e das que não o fazem. E, ao que tudo indica, essa medida, apesar de ter algum efeito, não é grande o suficiente para ser perceptível. Isso porque os microrganismos se concentram na região da base do folículo piloso. Então, o tamanho do pelo não faz tanta diferença.
Já a depilação a laser, que elimina completamente o folículo, traz melhores resultados. Sem o folículo há menos regiões para que os microrganismos se desenvolvam, o que diminui o mau cheiro.
Outros fatores podem influenciar mais no mau cheiro do que o tamanho dos pelos. O consumo de certos alimentos (como cebola, alho e pimenta) e de drogas (como o álcool e alguns antibióticos) pode ser mais definidor. Assim como os fatores hormonais e o nível de transpiração de cada indivíduo.
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de ensino de Minas Gerais.
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Leia outros artigos de Renan Santos em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG
Edição: Larissa Costa