Disputa de projeto macro foge à compreensão do cidadão não militante

Tomo a liberdade de me dirigir ao companheiro Rogério Correia nesta coluna com a tranquilidade daqueles que sabem que, por mais duras que sejam as palavras que tenho a dizer, elas são para o nosso bem, ou melhor, para a nossa vitória.

Tranquilidade também porque conheço e respeito a história do Deputado Rogério desde 1985. Quando iniciei a organização da oposição sindical metalúrgica em Santa Luzia, Rogério já era uma liderança consolidada no meio dos professores e também de nosso campo de esquerda.

Ao meu favor pesa ainda o fato de que, como professor de sociologia e política da PUC, fui convidado a participar de uma plenária do candidato a prefeito com intelectuais universitários. E, somente não disse naquele momento o que ora escrevo, porque tive que sair mais cedo para exercer o ofício de professor. Os alunos me aguardavam.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui :: 

- Rogério, se queres mesmo vencer as eleições para a prefeitura de Belo Horizonte, esquece Bolsonaro.

Mesmo que saibamos que por detrás das eleições há uma disputa entre visões de mundo distintas, não se dê, e nem dê a nós, a tarefa de vencer o bolsonarismo em Belo Horizonte.

Não só porque Bolsonaro venceu de Lula na capital. Mas, fundamentalmente porque o bolsonarismo é um conjunto de valores retrógrados, martelados diuturnamente nas igrejas evangélicas e católicas conservadoras e nas bolhas das redes sociais que não será vencido numa eleição.

Nem Lula venceu o bolsonarismo, ele apenas teve mais votos que Bolsonaro e venceu as eleições.  Ou seja, para ganhar as eleições, por mais difícil que seja essa tarefa, não temos que derrotar o bolsonarismo. Nós precisamos apenas ter mais votos que os demais concorrentes.

Lula lá, Rogério em BH!

Assim, não leve ao pé da letra o que disse o presidente Lula, que em cada disputa eleitoral do Brasil estarão disputando Lula e Bolsonaro. Essa disputa de projeto macro foge à compreensão do cidadão não militante.

As pessoas querem saber de transporte, educação, saúde, assistência social, esporte lazer, segurança, moradia, trabalho... ou seja, querem saber das coisas que lhes tocam de imediato, no seu dia a dia, e o que você vai propor para resolvê-las.

Então companheiro, encarne o Rogério Correia. Esse cidadão belorizontino que, por suas vivências e lutas na cidade, por ter sido vereador, deputado estadual e deputado federal conhece profundamente a cidade e é a melhor pessoa para resolver seus problemas.

Ao seu favor, temos ainda as passagens de nosso partido frente a frente da prefeitura, legado do qual temos tanto orgulho. Também o fato de estarmos na presidência e você ocupar um lugar de destaque no governo, nos favorece muito. Mas, sempre lembrando, Lula está lá em Brasília, Rogério está aqui e é quem está disputando as eleições.

Assim, mesmo que Bolsonaro seja preso durante as eleições e seu coração pule de alegria, esquece Bolsonaro. Não festeje, não dirija ofensas. Se te perguntarem, diga apenas que a justiça foi feita, que a vida segue e que BH pode mais!

É isso que o cidadão quer escutar de você!

Dimas Antônio de Souza é professor de ciência política do Instituto de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e escreve quinzenalmente para esta coluna. Twitter: @prof_Dimassouza; Instagram: @prof.dimasoficial

 ----

Leia outros artigos de Dimas Antônio de Souza em sua coluna no Brasil de Fato MG

----

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

Edição: Elis Almeida