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Golpes de 1964, 2016 e a tentativa em 2023 tinham mesmo objetivo

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Imagem - Agência Brasil/ Fernando Frazão
Setores conservadores e privilegiados são golpistas

O presidente que foi destituído pelos militares em 1º de abril de 1964, João Goulart, havia sido o Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas que deu 100% de aumento no salário mínimo. Um mês antes do golpe, havia feito um discurso histórico no Rio de Janeiro prometendo fazer reformas que iriam mexer na estrutura de poder: democratizando o acesso a terra, a moradia, a educação e os tributos, colocando os ricos no imposto e os pobres no orçamento.

Quem o derrubou e mandou para fora do país foram os militares, os grandes empresários, o Congresso, os meios de comunicação comerciais e o setor conservador da Igreja Católica e da sociedade. Queriam um presidente pró mercado, pró Estados Unidos e com menos políticas sociais.

Em 2016, 52 anos depois, foi a vez de darem um golpe contra a Dilma Rousseff, então exercendo seu segundo mandato. Em seu primeiro mandato, Dilma forçou por meio dos bancos públicos a redução dos lucros do setor bancário; também por meio de intervenção estatal reduziu a tarifa de energia elétrica e dos combustíveis; estabeleceu o Fundo para Educação básica e o piso salarial dos professores; criou o Mais Médicos, e 14 universidades. Para ficar em apenas alguns exemplos.
 

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A primeira presidenta mulher do Brasil sofreu um golpe articulado pelos mesmos setores: grandes empresários, mídia empresarial, Congresso Nacional, setor conservador das igrejas, da sociedade e do Judiciário. Novamente com o mesmo objetivo, colocar um presidente que redirecionasse o Estado para atender aos mais ricos com redução das políticas sociais e mais ações pró mercado e pró Estados Unidos.

Em 2023, após seis anos do golpe de 2016, nova tentativa de golpe em 8 de janeiro, poucos dias após a posse de Lula. Dessa vez não conseguiram, mas foi por pouco. Os que tentaram queriam a continuidade do programa que vinha sendo implementado por Michel Temer e Bolsonaro, ou seja, arrocho para os trabalhadores, menos políticas sociais, menos intervenção do Estado na economia, e mais benefícios para os já privilegiados na sociedade.

Quem estava por trás da tentativa de golpe dessa vez? Novamente, militares, grandes empresários, agora sobretudo do agronegócio, parte dos meios de comunicação empresariais, setores conservadores das igrejas, parte do Congresso Nacional, etc.

Para avançar, protagonismo popular

Para o povo brasileiro, os trabalhadores e os mais pobres, o recado é claro: para democratizar o Brasil e reduzir as desigualdades sociais, dar acesso a direitos ao conjunto da população, é preciso ter força social e impedir novos golpes. Não por acaso, a única faixa de renda que deu ampla vitória a Lula em outubro de 2022 foi a de quem ganha menos de dois salário mínimos.

Que as lições do passado nos ajudem a construir um caminho sólido para realizar as tão sonhadas reformas defendidas por João Goulart e até hoje não realizadas. O que só ocorrerá com o povo chamando para si o protagonismo político por meio da luta popular.

Edição: Elis Almeida