Acontece, entre os dias 14 e 17 deste mês, o 4º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude, que reunirá cerca de 4 mil jovens de todo o país. Ao todo, aproximadamente 700 mineiros e mineiras participarão do encontro, que será na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A última edição do evento aconteceu na capital mineira no ano de 2016, em meio aos desfechos do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Os acampamentos do Levante têm como objetivo discutir os processos de organização da juventude no que tange a defesa de pautas sociais e populares.
Com programação gratuita, para participar do encontro, basta adquirir os ingressos clicando neste link e seguir as recomendações divulgadas no site do movimento.
Juventude quer viver
Neste ano, após o desmonte de políticas públicas promovido pelos governos Temer (MDB) e Bolsonaro (PL), o acampamento tem como lema “Juventude quer viver: nossa luta é pelo povo no poder”.
Portanto, debates sobre temas importantes para a sociedade, oficinas, momentos culturais, apresentações de artistas, espaços de convivência, produção de conhecimento e até batalhas de rimas são exemplos do que vai acontecer no festival.
Além disso, o encontro conta com a Mostra Nacional da Juventude na Ciência e na Literatura e com a Feira de Economia Solidária e Popular, duas iniciativas patrocinadas pela Caixa Econômica Federal.
Os jovens de Minas
Para saber mais sobre os jovens de Minas Gerais que irão ao Acampamento Nacional, o Brasil de Fato MG entrevistou jovens de diferentes regiões do estado.
Cerca de 700 jovens mineiros sairão de mais de 30 municípios em direção ao Rio de Janeiro.
“De cada canto de Minas Gerais, vão sair ônibus para levar essa juventude até o Rio de Janeiro para participar desse momento. Estamos todos muito animados”, comenta Caio Jardim, da coordenação nacional do Levante.
Em Juiz de Fora, que fica na Zona da Mata mineira, os jovens se organizaram por meio de uma brigada municipal de mobilização. Além disso, mobilizações foram feitas nas universidades, escolas e nos bairros, mesmo em um contexto de greve na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Giulia Rodrigues é estudante da UFJF, atua na Frente Estudantil do Levante e coordena o Diretório Central do Estudantes (DCE) da universidade. Ela diz que o acampamento será “um impulso para a juventude que quer e merece viver plenamente bem, com acesso à arte, à cultura, ao lazer e à segurança”.
Giulia fala ainda sobre as expectativas dos jovens juiz-foranos, que aguardam ansiosamente pelo evento.
“A expectativa está lá em cima, porque, para a maioria de nós [jovens], será o primeiro acampamento. Então, há aquela mistura de empolgação e de ansiedade. Estamos animados para participar das oficinas, dos debates, dos momentos culturais, além de rever e conhecer essa juventude de todo o nosso Brasil, que une os mesmos sonhos e também as mesmas lutas”, comenta.
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Em Teófilo Otoni, município do Vale do Mucuri, a estudante Maria Clara Altivo, da Frente Secundarista do Levante, que atua diretamente com jovens estudantes do ensino médio, relatou que fizeram mobilizações pela cidade, promovendo atividades culturais e incentivando os estudos, por meio de feiras de livros, rodas de conversas, debates, palestras e batalhas de rima. No entanto, ela relata que houveram desafios.
“Foram ferramentas que funcionaram muito para a gente, mas também foi um desafio muito grande, porque a extrema direita veio com tudo, principalmente nos territórios em que a gente atua, que são as periferias”, declara.
Em Uberlândia não foi diferente. Miriam Fidelis, da Frente Territorial do Levante, que atua nos bairros e favelas, afirma que houveram mobilizações na cidade durante o decorrer do ano.
Além disso, ela relata que é o primeiro acampamento da maioria dos jovens uberlandenses e que todos estão muito ansiosos para participar do evento.
Quando perguntada sobre qual é o momento da programação que ela mais espera, Miriam respondeu que quer muito vivenciar a juventude brasileira debatendo o projeto popular e também assistir a final da “Brota no Acampa”, sequência de batalhas de rima que vem sendo construída há alguns meses no Brasil todo.
Caio Jardim afirma que “o acampamento é importante pois reafirma que a política é sim um lugar para a juventude ocupar”.
“Muitas vezes falam que a juventude não tem que estar nesses espaços de disputa política. Muitas vezes pintam a juventude como se a juventude não tivesse interessada em nada, quando, na verdade, a juventude é quem mais sofre na pele as contradições do mundo que a gente vive”, analisa.
“A juventude está interessada em construir um futuro que seja melhor para todo mundo e em construir um projeto de país onde não haja opressões e explorações”, finaliza Caio.
Edição: Elis Almeida