Emergência climática, segurança pública ineficiente, educação precarizada, privatização de estatais, avanço da mineração. Esses são alguns desafios que a população de Minas Gerais espera ver solucionados, ou ocupando o centro da agenda política, em 2025, segundo moradores ouvidos pelo Brasil de Fato MG.
“É preciso combater o projeto de privatização das empresas estatais, que distribuem água e energia elétrica, por exemplo. A privatização expõe as populações mais vulneráveis à própria sorte, o que é extremamente preocupante”, chama a atenção a psicóloga Maria Cristina Silva dos Santos, moradora de Araçuaí.
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Especialmente no Vale do Jequitinhonha, onde fica localizado o seu município, Maria Cristina destaca problemas climáticos e hídricos graves.
“Os rios estão secando e poluídos, enquanto a mineração avança de forma desordenada, sem qualquer diálogo com as comunidades locais, especialmente as remanescentes. Soluções precisam ser pensadas e é essencial que a população seja ouvida, especialmente sobre questões climáticas e hídricas”, diz, em relação às suas expectativas para o próximo ano.
Em prol da luta coletiva
Moradora de Uberlândia, Amanda Castro quer um alinhamento de lutas em todo o estado, uma vez que, segundo ela, é essencial entender a dimensão de que cada município, cidade, território e região possui lutas específicas, que fazem parte de uma luta coletiva.
“Existe a necessidade de fortalecer os movimentos de unidade da esquerda para enfrentarmos essas batalhas com qualidade e derrotarmos a extrema direita. Essa é, na minha visão, a urgência do momento: enfraquecer a extrema direita no estado de Minas Gerais, que ainda mantém força nas prefeituras municipais e na figura do governador Zema (Novo)”, aponta.
Em seu município, localizado no Triângulo Mineiro, ela aponta que dois desafios precisam ser urgentemente superados. Um deles está nas escolas estaduais de ensino médio, que, de acordo com ela, estão sucateadas e abandonadas.
“Isso reflete a postura da Prefeitura de Uberlândia, que representa a face da extrema direita e do desmonte das políticas públicas, especialmente aquelas voltadas para a juventude”, reforça.
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A segunda questão, para ela, é a segurança pública. Embora Uberlândia seja a segunda maior cidade do estado, com um desenvolvimento econômico significativo, Amanda pondera que a cidade enfrenta altos níveis de insegurança, resultado do sucateamento das políticas públicas tanto da gestão municipal, representada por Odelmo Leão (Progressistas), quanto pelo governo de Romeu Zema.
Garantir direitos é fundamental
Já a educadora popular e artista Ana Paula Tostes, de São João Del Rei, espera ver os trabalhadores e trabalhadoras da educação mais valorizados, com o piso salarial pago de forma devida. Ela também cita uma série de outros direitos que precisam ser garantidos em 2025.
“Que aumente as políticas de proteção e qualidade de vida para as mulheres, para a população LGBTQIAPN+, negras e negros e para o povo pobre. Que as políticas culturais do estado possam chegar de forma igualitária em todas as regiões de Minas”, lembra.
Em São João Del Rei, por exemplo, a educadora alerta que há um aumento no número de escolas que podem se tornar cívico-militares.
“Esperamos que Zema compreenda que Polícia Militar não é educador, não é professor e que esse tipo de educação só traz retrocesso”, reafirma.
Solução de problemas antigos
Morador da capital mineira, o produtor cultural Cleiton Henriques almeja viver, em 2025, em um estado eficiente além das propagandas que veicula, com os servidores públicos valorizados, melhor remunerados e com seus direitos garantidos.
“Atualmente, vivemos em um estado de tristeza, onde os servidores enfrentam uma constante sensação de alarme e medo, diante da possibilidade de terem seus direitos suprimidos”, observa.
Para ele, é importante que o governo também leve a sério as dívidas do Estado, pois Minas Gerais está “afundada”.
“Essa situação compromete qualquer gestão futura, seja de direita ou de esquerda, e prejudica principalmente os trabalhadores e a população, que sofrem com serviços públicos cada vez mais precarizados”, lembra.
Em Belo Horizonte, segundo o produtor, a possível privatização da Cemig e da Copasa é um fator que geraria um grande impacto na população.
“Infelizmente, o governo tem precarizado esses serviços com o pretexto de justificar futuras privatizações”, alerta.
O impasse é o governo Zema
O governo Zema é apontado pelos moradores como a maior ameaça ao bem comum, tanto no presente, quanto no futuro.
“Precisamos de um governante comprometido com o interesse público e não de um ‘patrão’ que governa pensando apenas em seus próprios lucros. O que temos visto em Minas é um governo que vende nossas riquezas minerais sem sequer dialogar com a população, firmando acordos obscuros e preferindo negociar com outros países em vez de estabelecer cooperação com o governo federal”, chama a atenção Cleiton Henriques.
Amanda Castro lembra que o governador Zema, inclusive, é uma figura que se projeta nacionalmente como representante da extrema direita e possível candidato às eleições presidenciais de 2026.
“Ele não se preocupa em fortalecer o estado ou investir em políticas públicas, mas sim em aumentar salários próprios, retirar direitos e vender recursos naturais para mineradoras. Essa postura é alarmante, especialmente considerando que ele é uma referência nacional para a direita e atua para consolidar esse projeto político”, lamenta.
Já Maria Cristina Silva dos Santos avalia que o governo Zema é desastroso em todos os aspectos.
“Trata-se de um governo privatista, comprometido com os interesses das mineradoras, que desrespeita os direitos dos trabalhadores e ignora a vulnerabilidade da maior parte da população do estado. É muito triste termos um governador eleito com o discurso de ‘nova política’, mas que pratica a velha política, avançando como um representante direto dos interesses do grande capital”, sinaliza.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos