Minas Gerais

BRUMADINHO

STF nega pedido de movimentos e partidos contra o acordo entre Minas e Vale

“Essa negativa é lida pelo movimento como a cereja do bolo de uma série de violências”, diz atingido

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
“Nosso papel é permanecermos unidos junto a todos atingidos exigindo justiça” - Foto: Nívea Magno/Mídia Ninja

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, negou o pedido de apoio aos atingidos, contrário ao acordo do estado de Minas Gerais com a Vale S.A., apresentado no dia 10 de fevereiro, pelo PT e o PSOL, e assinado também pelo Movimento Pela Soberania Popular Na Mineração (MAM), Movimento Atingidos por Barragens (MAB) e a Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (Anab).

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O pedido

Contrários ao acordo firmado entre o Estado de Minas Gerais e a mineradora Vale S.A., o pedido questiona a falta de participação dos atingidos nas negociações, além de reiterar que o valor final do acordo, R$ 37,68 bilhões, é inferior ao valor de R$ 54 bilhões, originalmente sugerido pela Fundação João Pinheira vinculada ao governo estadual.

:: Leia também: Atingidos recorrerão ao STF para questionar acordo entre Vale e Governo de Minas ::

Visão dos movimentos e atingidos

Joceli Andrioli, membro da coordenação nacional do MAB, afirma que é possível recorrer à decisão do ministro, visto que o processo é estabelecido em etapas. “Nesse momento o Movimento, junto com as entidades, está estudando a entrada de novos recursos necessários para dar continuidade à busca por justiça no caso do Crime da Vale em Brumadinho. O fato é que esse acordo não pode ficar do jeito que está”.

Para Marcelo Barbosa, morador de Brumadinho e militante do MAM, essa negativa é só mais uma nesse processo que não inclui a participação dos atingidos. “Na nossa visão, do movimento, a transferência do processo da segunda vara de justiça e autarquia de Belo Horizonte para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi um processo atropelado, que também representou outra violação de preceito fundamental que é o de juiz natural da causa, que aos poucos foram retirando o poder do Juiz Elton Pupo de maneiras sorrateiras, desde colocar sigilo nos processos, até essas transferências de instâncias duvidosas”.

Próximos passos

As lideranças são unânimes quanto aos próximos passos. Recorrer à decisão do STF, seguir com as denúncias, colocar em pauta as motivações e as consequências políticas das decisões tomadas em relação ao crime da Vale em Brumadinho.

Dom Vicente, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, afirma que o caminho é de luta, relembrar as vidas perdidas, exigir e buscar as 11 pessoas desaparecidas, lutar pela reparação da vida e do meio ambiente da região. "Nosso papel enquanto liderança é permanecermos unidos junto a todos aqueles que são atingidas e atingidos, inclusive, permanecermos firmes em nosso território exigindo justiça".

Sandrinha do Coletivo de Atingidos da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário contempla as palavras do Bispo, afirmando que os atingidos seguem construindo ações, como manifesto, jornal, vídeos para ampliar as vozes das pessoas não reparadas no Vale do Paraopeba.

Edição: Elis Almeida