Minas Gerais

CRISE

Atingidos da Bacia do Rio Doce sofrem com aumento do custo de vida

Crime da Samarco/Vale/BHPBilliton causou perda de renda, problema que piorou com aumento do gás, da energia e da comida

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG | |
Os altos preços do gás, da tarifa de energia e da cesta básica pioraram a situação de atingidos que perderam sua renda com o crime da Samarco/Vale/BHP Billiton - Izabella Bontempo

Nos seis anos do crime da Samarco, mineradora controlada pela Vale e BHP Billiton, na bacia do Rio Doce, atingidos enfrentam mais uma batalha econômica: o aumento do custo de vida provocado pelo governo Bolsonaro. Antes disso, a maioria da população atingida já vivia a perda de renda e de trabalho causada pela contaminação do rio.

Alessandra Silva, atingida pelo crime em Colatina, no Espírito Santo, relata que a sua situação financeira piorou muito e que, antes da pandemia, tinha condições de comprar água para o consumo. “Hoje eu só consigo comprar água para beber e, infelizmente, eu tenho que fazer a comida com a água da torneira, sabendo que a água oferecida aqui, do Rio Doce, é imprópria para o consumo”, lamenta.

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A atual crise econômica tem causado empobrecimento e desemprego em todo o país, e o preço da cesta básica de alimentos aumentou consideravelmente em todas as capitais. De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em setembro, o valor da cesta básica era de R$ 582,61 em Belo Horizonte e, em Vitória, chegava a R$ 633,03.

Além disso, o preço do gás ultrapassou R$ 100 e, recentemente, o governo federal permitiu o aumento de 50% nas Bandeiras Tarifárias de Energia Elétrica, obrigando a população a pagar mensalmente uma taxa de R$14,20 para cada 100 quilowatts-hora consumido.

“É muito triste, após seis anos, ver o poder público, o Estado e o governo federal de braços cruzados para os atingidos”, diz atingida

Para Alessandra, essa situação piorou ainda mais a vida dos atingidos pelo crime. “É muito triste, após seis anos, ver o poder público, o Estado e o governo federal de braços cruzados para os atingidos”, aponta. “As pessoas vão ter que morrer para que esses poderes olhem para nós e façam alguma coisa? Na verdade, já estamos morrendo”, indigna-se.

De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de dezembro de 2019, de 25 mil propriedades analisadas dos cadastros da Fundação Renova, quase 24 mil declararam perda e/ou interrupção na pesca, na criação de peixes no rio ou de atividades de lavadeira. E 24,7 mil afirmaram afetação na ocupação, trabalho e/ou renda da pessoa física. Ainda segundo o documento, a impossibilidade de exercer atividade autônoma foi declarada em mais de 80% dos casos, tanto entre os homens como entre as mulheres.
 

Edição: Larissa Costa