Minas Gerais

MOBILIZAÇÃO

Em Minas Gerais, primeiro comício de Lula e Kalil reúne mais de 100 mil apoiadores

Para Lula, sua eleição significará o marco da retomada de um projeto de país que tem o povo no centro

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Entre os compromissos firmados pelo ex-presidente em seu encontro com o eleitor mineiro, ele enfatizou a retomada de políticas sociais que melhorem as condições de vida da população mais pobre. - Caio Jardim

Primeiro comício de Lula (PT) e Alexandre Kalil (PSD) na campanha eleitoral deste ano, em Belo Horizonte, reúne mais de 100 mil apoiadores na noite desta quinta-feira (18). Com caravanas vindas de todas as regiões do estado, o encontro marcou a largada da campanha oficial no segundo maior colégio eleitoral do país. 

A vontade de contribuir com a vitória de um projeto ancorado nas pautas populares foi uma das principais motivações que levou uma multidão a ocupar a Praça da Estação, no Centro da capital mineira.

A empregada doméstica, Maria dos Anjos Soares, de 54 anos, acredita que as eleições deste ano serão decisivas para o futuro do país.

Moradora de Montes Claros, no Norte de Minas, uma das regiões com maiores índices de carência do estado, a mulher vê na eleição de Lula a possibilidade de reverter o cenário de fome, desemprego e pobreza.  

“Ninguém dá conta mais. Todo dia aparecem mais amigos e parentes sem o que comer e sem trabalho. Quando o presidente Lula governava, a gente almoçava, lanchava e jantava. Não era tudo mil maravilhas. Mas era bem melhor”, relata. 

Entre os compromissos firmados pelo ex-presidente em seu encontro com o eleitor mineiro, ele enfatizou a retomada de políticas sociais que melhorem as condições de vida da população mais pobre. 

"Essa não  é  uma eleição comum. É a disputa entre a democracia e o fascismo. O que estamos discutindo aqui é se nossos filhos e netos terão a oportunidade de trabalhar. Estamos discutindo se vamos ter universidades para todos ou pra meia dúzia de privilegiados. Se vamos garantir que cada homem e mulher tenham uma casa para morar. É se cada brasileiro vai poder tomar café, almoçar e jantar todo dia", destacou Lula, durante seu discurso. 

O ex-presidente ainda elencou que, durante os governos do Partido dos Trabalhadores, a população mais pobre teve acesso a direitos que historicamente foram negados. Para Lula, sua eleição significará o marco da retomada de um projeto de país que tem o povo no centro.

"Esse país vai privilegiar o amor e a solidariedade. Nós já conseguimos colocar a filha da empregada doméstica para ser doutora. Nós já conseguimos colocar o filho de pedreiro pra ser engenheiro. Nós já conseguimos colocar o filho de coveiro para ser diplomata", enfatizou Lula, durante seu discurso. Quando nós governávamos esse país, ele era a sexta maior potência do mundo. É por isso que eu estou voltando", relembrou.

Além do candidato ao governo de Minas e ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, lideranças de movimentos populares e partidos políticos estiveram ao lado de Lula no palanque. Parlamentares, chefes do executivo, candidatos ao Senado e a deputados estaduais e federais também estiveram presentes. 

Na avaliação de Sílvio Netto, da Direção Nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a candidatura de Lula representa o resgate da esperança do povo brasileiro na possibilidade de construção de um projeto mais avançado que o do atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.

"Hoje é a largada de uma campanha que muda toda a vida cotidiana do povo brasileiro e mineiro. Queremos superar o neoliberalismo e o neofascismo, que combinam a truculência, o ódio, a morte e o liberalismo que entrega nosso patrimônio. Esse projeto impõe ao povo a miséria e o desespero. Nós temos a oportunidade histórica de superar isso", destaca.

A redução de investimentos nas áreas sociais, determinada pela Emenda Constitucional 95, aprovada no governo Temer (MDB) e mantida pelo governo Bolsonaro, também foi criticada durante o comício. 

Entre os impactos diretos da medida, estão a precarização das universidades públicas e do Sistema Único de Saúde (SUS). Para Lara Polisseni, estudante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), os efeitos da política neoliberal e do estado mínimo são sentidos diariamente. 

"A UFJF teve uma redução  de 53% do orçamento, durante o governo Bolsonaro. Isso impacta diretamente na assistência e permanência estudantil. Nossas bolsas também foram reduzidas. Com Lula, vai ampliar o investimento na educação para que o estudante consiga se manter nas universidades. Acreditamos que ele vai revogar o teto de gastos para que a gente consiga fazer as universidades mais populares", comenta. 

Além da volta de financiamento, os apoiadores de Lula têm a expectativa de que, com a sua eleição, inicie um processo de revogação também das reformas Trabalhista e da Previdência.

"Hoje, ou você está desempregado ou trabalha sem praticamente nenhum direito. Bolsonaro destruiu tudo o que conquistamos e agora temos que reconstruir", lamentou Carlos Fernandes de Oliveira, trabalhador informal e morador de Belo Horizonte. 

Candidato de Lula

As últimas pesquisas eleitorais demonstram liderança de Lula junto ao eleitorado mineiro e brasileiro. No estado, o ex-presidente consolidou aliança com o Partido Social Democrático (PSD) e apoia a candidatura de Alexandre Kalil ao governo de Minas. 

Apontado pelas pesquisas como o candidato de oposição mais competitivo em relação ao atual governador, Romeu Zema (Novo), o ex-prefeito de Belo Horizonte também se destacou durante o comício. 

No encontro, Lula reafirmou a importância da eleição de governadores e parlamentares alinhados com seu projeto de “reconstrução do país” e enfatizou a importância do voto em Alexandre Kalil. 

“Kalil já provou que governo bom não é aquele que diz que tem dinheiro em caixa. Nós não queremos isso. Nós queremos dinheiro revertido em saúde, em segurança, em educação e em transporte. Nós vamos eleger Kalil e esse estado vai voltar a crescer. Não vai mais ser apenas exportador de minério. Nesse estado não vai ter mais rompimento de barragem como em Mariana e em Brumadinho”, argumentou Lula ao defender o voto em Alexandre Kalil.

Alinhado ideológica e economicamente ao governo Bolsonaro, durante seu primeiro mandato, Romeu Zema buscou implementar em Minas Gerais agendas parecidas com as defendidas pelo governo federal. 

“Governar é  um ato de amor. É  um ato de proteção. Todo mundo veio aqui porque quando a senzala lê a casa grande treme. Eu ouvi hoje do senhor governador que eu grito muito e eu grito mesmo. Foi no grito que nós abrimos um hospital de 480 leitos em Belo Horizonte. Foi no grito que eu construí posto de saúde nessa cidade a cada dois meses. Foi no grito que eu reformei 245 escolas. E é  no grito que nós vamos colocar eles pra fora", destacou Kalil, fazendo referência a ações desenvolvidas por sua gestão à frente da  Prefeitura de BH.

A privatização de estatais estratégicas, a retirada de direitos dos servidores públicos, a Reforma Administrativa e a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) são alguns dos principais projetos do atual governador e candidato à reeleição Romeu Zema. 

Para Lucileia Miranda, professora da rede básica de ensino de Minas Gerais, a consolidação no estado das pautas defendidas por Lula depende da derrota de Romeu Zema na corrida eleitoral.

"Aqui em Minas, o governo privatista e liberal de Zema já causou muitos danos aos trabalhadores. A gente precisa construir um processo em que nosso estado tenha um governo que se alinhe ao governo Lula nacionalmente. É fundamental eleger Lula e Kalil juntos para construirmos uma Minas Gerais que respeite os anseios do povo", argumenta.
 

 

Edição: Elis Almeida