Minas Gerais

GOLPISMO

Artigo | O bolsonarismo é um atentado à democracia

O embate não pode ser apenas nas ruas, mas deve ser uma prioridade para as instituições

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Cadeiras do Palácio do Planalto também foram vandalizadas - Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

Assisti perplexo aos atos terroristas ocorridos em Brasília no domingo, dia 8. A empáfia desses fanáticos ultrapassou o limite da civilidade e evidencia os desafios que o atual presidente Lula tem pela frente: reconstruir uma nação devastada por um desgoverno e combater o bolsonarismo para salvaguardar a democracia e as instituições republicanas que lutam pela equidade de oportunidades e pela cidadania.

Não bastassem os quatro anos de barbárie institucionalizada com a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora vivenciamos constantes ataques à Constituição Federal e à nossa ainda fragilizada democracia, balzaquiana, em processos e retrocessos de construção histórica. O país-continente sofreu uma regressão sem precedentes desde 2016, quando ocorreu o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Torna-se crucial investigar quem está patrocinando esses crimes

As áreas mais afetadas foram justamente aquelas que supriam as necessidades dos grupos historicamente vulnerabilizados: os pobres, os negros, os povos originários, as mulheres e a população LGBTQIA+.

Graças à democracia exercida nas urnas, que reafirma o sentido da cidadania brasileira, ficamos livres de Bolsonaro e de sua necropolítica escrachada. Infelizmente, o bolsonarismo se instaurou no país e deu voz a uma legião de golpistas que propagam um ódio fecundo às instituições democráticas ao ponto de depredar o patrimônio público. Não se trata de vandalismo, liberdade de expressão ou algo parecido. São criminosos que utilizam as cores da nossa bandeira em atos antidemocráticos, terroristas e inconstitucionais.

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E para combater o crime organizado pelo negacionismo da derrota eleitoral do genocida que um dia foi presidente, é necessário que as instituições republicanas façam valer a rigidez das leis contra qualquer movimento golpista que seja uma ameaça ao Estado Democrático de Direito. Torna-se crucial investigar quem está patrocinando esses crimes para garantir a punição do alto escalão dos golpistas. Não basta apenas punir o gado, é preciso penalizar quem está por trás desse rebanho de fascistas.

O embate não pode ser apenas nas ruas

O enfretamento ao bolsonarismo deve ser uma prioridade para as instituições. Das escolas às igrejas, dos sindicatos ao Supremo Tribunal Federal, dos movimentos sociais ao Ministério Público, das rádios comunitárias aos veículos de alcance nacional e internacional.

Para o filósofo Jean-Paul Sartre, os intelectuais devem exercer uma função dinâmica na sociedade. Sartre tem um aforismo assertivo. "A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota".

Portanto, já passou da hora de o bolsonarismo aceitar a vitória legítima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo eleitoral. Isso é democracia, que no Brasil foi conquistada com muitas lutas, perseguições políticas e torturas monstruosas contra os opositores ao golpe militar de 1964. A história é implacável. Golpistas não passarão!

 Éverlan Stutz é jornalista, professor e poeta.

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal  

Edição: Larissa Costa