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Parte 2 | Com o aumento populacional, é mais provável encontrar alguém idêntico a mim na rua?

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"Parte 2" do famoso meme do homem-aranha - Foto: Reprodução
Segundo pesquisador, há cerca de 80 mil pessoas parecidas com você no mundo

No último texto, vimos que existir alguém com o mesmo DNA que o nosso é algo praticamente impossível. Mas, e se a semelhança se restringir à fisionomia?

Em 2015, Teghan e Henneberg publicaram um estudo com a análise precisa das medidas corporais de quase 4 mil pessoas. Foram elencadas oito características do rosto, como comprimento da orelha e distância entre as pupilas. Isso para se comparar o quão parecidas as pessoas eram entre si. O estudo concluiu que a chance de duas pessoas compartilharem exatamente das mesmas oito medidas é de aproximadamente 1 em 1 trilhão.

Isso me lembrou dos mecanismos de reconhecimento facial presentes em celulares. Por meio da câmera do aparelho, um programa compara as medidas do rosto filmado com o de uma foto guardada em seu banco de dados. Tudo para dizer se ambos pertencem a mesma pessoa. Segundo a Apple, “a probabilidade de que uma pessoa aleatória na população possa olhar para o seu iPhone e desbloqueá-lo usando o Face ID é menor que 1 em 1 milhão”.

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Se levarmos em conta que a população mundial hoje é de cerca de 8 bilhões, quer dizer que existem mais ou menos 8 mil pessoas parecidas o suficiente com você para destravar seu celular apenas olhando para ele.

Contudo, nosso cérebro não usa réguas e nem algoritmos de computador. Somos primatas, animais sociais. A interação é algo importantíssimo em nossa história evolutiva. Por isso, nosso cérebro é ótimo em enxergar rostos e buscar neles familiaridade. Há milênios usamos expressões sutis para nos comunicar em pequenos bandos. E focamos em poucos traços presentes no rosto para concluir que conhecemos e confiamos em alguém.

Por isso, é bem mais fácil acharmos duas pessoas parecidas do que um computador fazer o mesmo.

Ao considerar a percepção humana, o professor Freiwald, da Universidade de Rockefeller, calculou em aproximadamente 1 em 100 mil a chance de duas pessoas terem o rosto com a mesma aparência básica. Ou seja, segundo ele, há cerca de 80 mil pessoas parecidas com você no mundo.

E, respondendo à pergunta do título. Sim, a chance aumenta conforme aumenta a população.

Por fim, num estudo de 2022, Estellar selecionou 32 pares de sósias. Pessoas muito parecidas sem relação de parentesco entre si. Ele analisou o genoma dessas pessoas e concluiu que as semelhanças físicas também se verificavam no DNA. Há um compartilhamento de genes específicos entre os sósias que pode explicar a semelhança física entre eles.

Um abraço e até a próxima!

 

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de ensino de Minas Gerais.

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Leia outros artigos de Renan Santos em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG

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Este é um artigo de opinião

Edição: Larissa Costa