Minas Gerais

MEIO AMBIENTE

UFMG recorre ao Ministério Público contra corrida da Stock Car na Pampulha

Universidade destaca impactos e questiona falta de diálogo com a comunidade acadêmica

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
UFMG não foi notificada sobre as datas da realização do evento e da programação de providências para bloqueio de seu entorno - Foto: Ewerton Martins Ribeiro | UFMG

Em Belo Horizonte, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) protocolou na terça-feira (5) uma representação no Ministério Público do estado (MPMG) e no Ministério Público Federal (MPF), contra a realização da corrida Stock Car no entorno do Mineirão. 

O ofício foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, e ao procurador da República, Carlos Bruno Ferreira da Silva, pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida.

“A Universidade tomou conhecimento dos acordos pactuados para a realização do evento por meio da mídia”, afirmou a reitora no documento. 

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Ela explica, por meio do ofício, que não houve espaço para diálogo entre os organizadores do evento e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com a UFMG e a comunidade universitária antes da decisão. 

Com isso, segundo ela, a instituição não foi notificada sobre as datas da realização do evento e da programação de providências para bloqueio de seu entorno.

Sandra ainda cita enormes impactos para a universidade, que está a poucos metros de onde será realizada a corrida. Segundo ela, o Hospital Veterinário, os biotérios de criação de animais, a Estação Ecológica e o Centro Esportivo Universitário devem ser afetados. As atividades de ensino, pesquisa e extensão da universidade também serão impactadas. 

Em reportagem do Brasil de Fato MG, ambientalistas alertam para os diversos danos possíveis à cidade e à UFMG. Caso do idealizador do Projeto Pomar BH, Antônio Pomar, que denunciou a poluição sonora causada pelo evento. 

"Esse dano vai para os animais, para as casas de idosos, para pessoas no transtorno do espectro do autismo", reitera o ambientalista. 

PBH derruba árvores mesmo a contragosto da população 

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) finalizou, na madrugada de segunda-feira (4), a contragosto da população, a supressão das dezenas de árvores para a realização da corrida Stock Car, em BH, prevista para agosto deste ano. 
https://www.brasildefatomg.com.br/2024/03/04/na-madrugada-prefeitura-conclui-corte-de-arvores-para-realizacao-da-corrida-stock-car-em-bh 

Ambientalistas denunciam que, entre as árvores suprimidas, foi feito o corte ilegal de uma de uma espécie de oiti que não estava entre as 63 que tiveram a derrubada autorizada. A Polícia Militar de Meio Ambiente foi acionada para realização de um boletim de ocorrência. 

Impactos ambientais 

A decisão favorável à derrubada das árvores foi tomada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), vinculado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), por dez votos a dois. 

No entanto, a própria SMMA emitiu parecer, no dia 31 de janeiro deste ano, no qual citava uma série de problemáticas relacionadas à realização da Stock Car na cidade e recomendava que fosse realizado um licenciamento ambiental. 

"Toda supressão arbórea causa impacto ambiental negativo, uma vez que arborização urbana gera vários benefícios, dentre eles: melhoria na permeabilidade do solo, diminuindo o escoamento superficial; conforto térmico e luminoso aos seres vivos ao proporcionar sombra, filtrando os raios solares e diminuindo os efeitos provocados pelo excesso de radiação solar; proteção contra ventos e ruídos; diminuição da poluição atmosférica, retendo particulados em suspensão do ar, além de sequestrar e armazenar carbono, um dos gases de efeito estufa", diz um trecho do documento.


 

Edição: Leonardo Fernandes