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PAPO ESPORTIVO | No futebol, a lógica do mercado é impiedosa com os mais fracos

Americano questiona para onde foram os R$ 17 milhões conquistados na Copa do Brasil

Belo Horizonte |
O americano deve ser muito agradecido Messias e Ademir - João Zebral / América MG

A preço de banana, o América está vendendo os dois melhores jogadores do elenco: o zagueiro Messias para o Ceará, a R$ 2 milhões por 50% do passe, e Ademir, ainda sem fechar a venda para o Palmeiras, por algo que deve ficar em torno de R$ 3 milhões. Para uns oito times grandes do Brasil, esses valores são muito baixos, quase irrisórios. Para os demais da Série A, como o América, são bons, mas nada de mais.

Compreendo a indignação que os torcedores americanos ficaram, destacando que esses atletas poderiam ser fundamentais para avançar de fase na Copa do Brasil e manter o América na Série A, o que geraria valores bem superiores a esses R$ 5 milhões. Contribui para essa raiva o fato de Messias ter sido vendido não para um gigante nacional ou para um bom do exterior, o que poderia valorizar bem mais o passe dividido do atleta, mas para o Ceará, um time mais ou menos do patamar do América e que poderá ser um adversário na luta para não cair para a Série B em 2021. E, por fim, outra razão lembrada são os significativos R$ 17 milhões conquistados pelo Coelho por chegar às semifinais da Copa do Brasil de 2020: para onde foi esse dinheiro, já que nenhum jogador de peso foi contratado?

Mas é preciso considerar a lógica impiedosa do mercado com os mais fracos, que também é real no futebol. Com impossibilidade de oferecer salários muito elevados, multas rescisórias milionárias, contratos extensos e premiações consideráveis, fica difícil para o América - e para todos demais times de menor investimento - segurar seus destaques. Não adianta ficar com jogadores que estão com a cabeça em outras propostas, em salários que serão duas, três, quatro vezes maior do que o que recebem.  

É preciso lutar o quanto for possível. E, aparentemente, o América lutou, conseguindo os segurar por toda a Série B de 2020, mesmo com o surgimento de diversas propostas. Mas chega um momento que a situação infelizmente fica insustentável. 

O americano deve ser muito agradecido aos dois jogadores, que contribuíram demais com o América por algumas temporadas, especialmente na histórica de 2020, com o acesso à Série A e o alcance das semifinais da Copa do Brasil. Cabe ao clube o quanto antes buscar reposições à altura, sobretudo para o ataque pelas pontas, visto que para a zaga é possível que Bauermman e Ricardo Silva deem conta de substituir Messias.

Edição: Wallace Oliveira